Depois de um período de merecido descanso, onde não faltou sol, mar, areia, piscina, noites longas e festas, muitas festas, eis que, de repente, acordamos em Setembro… o mês de começos, de recomeços, do agora ou nunca, da saída das listas de colocações, o mês da pressão, das mudanças.
Aliás, se bem analisado, nem faz qualquer sentido o ano começar no mês de Janeiro… Janeiro é uma continuidade. É em Setembro que tudo acontece.
Falando concretamente dos estudantes e de todo o seu percurso, é precisamente em Setembro que começa a pré-escola. Altura de choros, de dependurar nas roupas dos pais, e de, por seu turno, os pais esboçarem sorrisos amarelos na esperança de que tudo corra bem, e de algum choro também assim que entram na privacidade dos seus veículos.
Depois vem o primeiro ciclo. Aí já é a sério. Coisas como aprender a ler vão passar a fazer parte do dia a dia.
Quatro anos depois, mais uma mudança, desta vez para o segundo ciclo. Novas disciplinas, nova carga horária.
E dois anos passam a voar. Voam tanto que está à porta mais um desafio. Um novo ciclo. Este com a duração de 3 anos. Pais e filhos parecem estar já habituados mas há sempre períodos de adaptação.
Depois vem a secundária. As responsabilidades são cada vez maiores. Altura de escolhas (e que não me venham com histórias pois com essa idade sabem lá eles o que escolher!), de dar o tudo por tudo.
Porém, a maior e a mais esperada mudança de ciclo é a entrada para a faculdade. E é em setembro. É sempre em setembro, pelo menos em Portugal!
A alegria de uns, que conseguiram atingir os seus objetivos, contrasta com a tristeza de outros, que não lograram alcançar as suas metas. Fruto, talvez, de más escolhas, de falta de informação, de acompanhamento e até de foco.
O contentamento de pais e filhos, depois dos momentos iniciais de euforia, muitas das vezes transforma-se num pesadelo: chegou o momento da verdade. O filho ou filha vai sair de casa, vai ter que viver sozinho pela primeira vez na vida, longe dos pais, do seu cuidado, da sua proteção.
E, para além de todas estas preocupações, falta ainda a maior delas todas: mas onde irá morar?
É tão injusto que os estudantes tenham que sair do seu concelho e muitas vezes do seu distrito para irem estudar.
Mas por que é que os estudantes do norte vão para o sul, e vice-versa, os do interior para o litoral… isto está tudo errado!
Sei também que muitos optam por essa hipótese por uma questão de emancipação e até de fuga do ambiente familiar, porém, cada caso é um caso.
É muito difícil nos dias que correm os pais terem disponibilidade financeira para arcar com semelhantes despesas. Os preços dos alojamentos são indescritíveis, cobram por um quarto quase tanto como por um apartamento e muitas das vezes sem condições. Depois a alimentação, os livros, as inevitáveis saídas, as viagens ao fim de semana ou no final do semestre, consoante a distância a que estão de casa.
Evidentemente que, perante este cenário, muitos preferem pagar uma mensalidade numa universidade privada, que, por muito dispendiosa que seja, contas feitas ainda ficam a lucrar.
No entanto, na hora de arranjar trabalho, e antes disso, um estágio, a instituição escolhida pelo aluno tem muito peso. E pode, indubitavelmente, definir o futuro. Dá que pensar…
Em suma e num tom repleto de utopia, seria maravilhoso que o longo percurso que os jovens têm que percorrer fosse igual para todos e que todos pudessem usufruir das mesmas oportunidades. Quem sabe, um dia…
Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do antigo acordo ortográfico
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