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Guilherme II – O último Kaiser

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Guilherme II (1859-1941) nasceu em Berlim, filho primogénito de Frederico Guilherme (1831-1888), o futuro Imperador Frederico III, e da princesa Vitória (1840-1901), filha mais velha da Rainha Vitória (1819-1901) do Reino Unido. A partir de 1861, tornou-se o herdeiro da coroa Prussiana e, a partir de 1871, ao trono imperial alemão. O seu parto teve algumas complicações, tendo o seu braço esquerdo ficado paralisado e não tendo crescido de forma similar ao direito, sendo provável que tenha provocado algum desiquíbrio emocional, de acordo com alguns historiadores.

Recebeu a típica educação militar prussiana, sendo raramente visto sem uniforme, durante a vida adulta. Casou em Fevereiro de 1881, com a Princesa Augusta Vitória de Schleswig-Holstein (1858-1921), com quem teve sete filhos, entre 1882 e 1892.

Aos 29 anos, sobe ao trono, após a morte do pai, cujo reinado durou apenas 99 dias. Quando Frederico III sobe ao trono, já sofria de um cancro na garganta, que o veio e vitimar em Junho de 1888.

Embora na juventude tenha sido um admirador de Bismarck (1815-1898), chanceler da Alemanha, após a subida ao trono de Guilherme, os doisguilhermeiiastros1 estadistas afastaram-se politicamente, por o Kaiser se mostrar mais interessado nas causas sociais que Bismarck procurou combater. O resultado foi a demissão do chanceler em 1890, por insistência do próprio Kaiser. Esta demissão marcou igualmente uma viragem na política imperial, uma vez que Guilherme terá procurado que nenhum outro chanceler obtivesse o poder que o seu antecessor tinha tido, como forma a que o seu próprio poder pessoal se afirmasse, tornando-se o imperador a principal figura do império e não o seu chanceler.

As suas políticas procuraram promover as artes e as ciências, mas também a educação pública e o bem-estar social, nomeadamente a nível da medicina. Também se esforçou na criação de uma marinha nacional que rivalizasse com as congéneres europeias, nomeadamente a inglesa.

Após o assassinato de Francisco Fernando da Áustria, de quem era amigo pessoal, Guilherme apoia o Império Austro-Húngaro, sancionando a ofensiva austríaca contra a Sérvia. Embora pretendendo permanecer na capital do império até à resolução da crise, a sua entourage aconselhou-o a realizar o seu cruzeiro anual pelo mar do Norte. Todavia, interrompe-o, quando a Áustria entrega o ultimato à Sérvia. Guilherme, pelas declarações que presta nessa ocasião, demonstra-se favorável a esta decisão, embora considerando que esta afastaria qualquer possibilidade de guerra. Quando a Áustria se mobiliza contra a Sérvia, a Rússia entra no conflito em sua defesa, arrastando consigo também a Inglaterra e a França, o envolvimento da Alemanha, ao lado da Áustria tornava-se inevitável.

guilhermeiiastros2Durante a guerra, o papel desempenhado pelo imperador foi relegado para segundo plano. Duas figuras foram-se destacando, o marechal Hindeburg e o general Ludendorff, não só nas decisões bélicas, mas também nas próprias decisões políticas. O apoio ao imperador, quer no exército, na política e na opinião pública decaiu fortemente, sobretudo, com o fim da guerra, da qual saiu perdedora, vendo-se afastado das negociações de paz. Várias revoluções nas principais cidades alemãs obrigaram-no a abdicar do trono alemão e da coroa prussiana, a 9 de Novembro de 1918, exilando-se nos Países Baixos, onde residiu até ao final da sua vida.

Um ano após a morte da mulher, em 1921, Guilherme trava conhecimento com Hermínia Reuss de Greiz (1887-1947), viúva do Príncipe João Schönaich-Carolath, com quem casa em 1922.

Guilherme morreria em Junho de 1941, de embolia pulmonar, nos Países Baixos, já invadidos pelas tropas nazis, em plena segunda guerra mundial.

A História nas Estrelas

Guilherme II nasceu sob o signo de Aquário e com Ascendente Caranguejo, segundo os relatos biográficos. As complicações do parto, que lhe deixaram marcas profundas, como foi acima indicado, são muito reflectidas pelo facto do regente do Ascendente, a Lua, estar no signo de Escorpião, onde ela se sente debilitada, em queda, carente de emoções e aceitação. Para além disso, esta própria Lua está oposta a um Úrano em Touro, que a desafia conjuntamente com uma ligação difícil com os Nodos Lunares, o que nos leva a crer que, para além de não se sentir confortável em si mesmo e até mesmo não aceite, sente que a sua condição física é impeditiva de poder ser aquilo para que foi educado, Kaiser. Relatos contam-nos dum certo ódio de estimação pela mãe, algo muito natural nesta energia do seu mapa, a quem, provavelmente, atribuía uma espécie de culpa pela sua própria condição.

Mapa Natal - Guilherme II

Mapa Natal – Guilherme II

A isto junta-se o facto de que Guilherme nasceu com Sol em Aquário, na Casa 8, e Saturno em Leão, na Casa 2, em oposição, a desafiarem-se mutuamente, e ambos em exílio, ou seja, fora do seu ambiente natural. Sendo o Sol o planeta do brilho pessoal, da consciência, e Saturno o das regras e limites, o Kaiser sente reforçada a sensação de estar fora do seu ambiente, de ver a sua autoridade não ser respeitada, o que, com certeza, o levou, muitas vezes, a tornar-se irascível e violento, até porque esta oposição entre Sol e Saturno está em quadratura (T-Square) com Plutão em Touro, na Casa 11, sedento de reconhecimento, que amplifica a energia de desconforto e eleva as emoções.

Na realidade, Guilherme II era um homem muito emocional. Com o Ascendente Caranguejo e o Meio do Céu em Peixes, com Neptuno e Marte a juntarem-se a este ponto, tudo o que o move são as suas emoções profundas e a necessidade de ser amado e acarinhado, algo que, provavelmente, nunca teve, até pela sua própria infância militar com o sentido do dever (muito bem representada por Mercúrio em Capricórnio, na Casa 6).

Quando a Primeira Guerra Mundial se inicia, Guilherme II inicia um período que vai ditar a saída da sua vida política, muito traduzido pelo isolamento que vive e que nos é relatado pela história. Com Úrano em trânsito a fazer conjunção ao seu Sol Natal e oposição ao seu Saturno, Guilherme II vê-se obrigado a participar na Guerra, tentando aproveitar essa oportunidade para se dignificar enquanto chefe de Estado. Contudo, nesse mesmo momento, os planetas mais ligados ao poder, nomeadamente Saturno e Plutão, estão a transitar pela sua casa 12, funcionando como uma energia inversa e, na verdade, retirando toda a influência que o Kaiser poderia ter nesta guerra, algo que também é amplificado por Marte, o senhor da Guerra, estar em Virgem, perfeitamente oposto ao seu Meio do Céu, à sua dignificação.

Mapa Guilherme II vs. Início da Guerra

Mapa Guilherme II vs. Início da Guerra

Ao abdicar, em 1917, e exilar-se nos Países Baixos, Guilherme II tem a possibilidade de cumprir o seu caminho de vida, viver as emoções, cuidar da família, amar e ser amado, tanto que acaba por casar uma segunda vez. Embora também tivesse tido a possibilidade de cumprir o caminho do seu Nodo Norte, em Aquário, na Casa 9, como nos relata a História, e mesmo tendo seguido uma vida de escrita, pensamento, religião e conhecimento, a realidade é que a sua ambição pela volta à dignificação e ao poder nunca desapareceu, algo que, com certeza, o fez viver o resto dos seus dias preso a uma frustração e a uma tentativa de justificação das suas acções durante a Guerra.

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Pedro Urbano
Nasceu em Lisboa em 1979, tendo frequentado o antigo Liceu de Setúbal. Licenciou-se em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e é actualmente doutorado em História pela mesma Universidade, onde também concluiu o mestrado em História Contemporânea.

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