O motor de busca mais conhecido de todo o mundo, o Google, lançou um projecto virtual com o intuito de preservar línguas em extinção nos próximos 100 anos. Endangered Languages Project (ou “Projecto Línguas em Perigo”) é o nome desta ideia e possui já um website com mais de três mil idiomas que estão em fila para se tornarem línguas mortas. Este projecto está co-aliado com o grupo Alliance for Linguistic Diversity e é possível saber mais sobre esta parceria aqui.
Através deste projecto, será possível que qualquer interessado nesta temática utilize a página como uma ferramenta de busca e compartilha de informações, conseguindo assim eternizar estes idiomas que tendem a desaparecer. O site em questão dá a oportunidade aos falantes das línguas em extinção, ou aos interessados, de fornecerem informações sobre as mesmas. Uma colaboração que poderá ser realizada através de documentação em texto, áudio ou vídeo.
“(…) is an important step in preserving cultural diversity, honoring the knowledge of our elders and empowering our youth. Technology can strengthen these efforts by helping people create high-quality recordings of their elders (often the last speakers of a language), connecting diaspora communities through social media and facilitating language learning”, explicaram os gestores do projecto da Google, Clara Rivera Rodriguez e Jason Rissman, numa publicação feita no blogue official do motor de busca.
Após obtida a informação, cabe aos especialistas da linguagem (First Peoples’ Cultural Council e The Institute for Language Information and Technology) verificarem a veracidade do conteúdo dos ficheiros.
Como funciona? Ao entrar no site, vai reparar que existe um mapa-mundo com alguns pontos coloridos dispersos pelos países. Cada cor representa o nível de ameaça dos idiomas. Ou seja, o ponto verde para “ameaçados”, o laranja/amarelo para “em risco” e o pior, a cor vermelha para “em sério risco de extinção”. Se clicar nos pontos, poderá concluir qual a língua ameaçada e, se quiser mais informações sobre alguma em especifico, basta clicar sobre o nome que procura.
Entre estas três mil línguas, duas delas pertencem a Portugal e encontram-se na lista dos dialectos “em risco”. A primeira é a Língua Gestual Portuguesa, que, segundo pode confirmar na página, situa-se sobretudo em Lisboa e no Porto – uma sinalização geográfica arriscada. O outro dialecto é o conhecido mirandês (ou mirandesa, como denomina o site), existente sobretudo em Miranda do Douro, onde, apesar de ser ensinado como língua extra-currícular às crianças do ensino público, encontra-se geograficamente isolada e sem conseguir expandir-se pelo restante território português.
Segundo a página do projecto Endangered Languages, estima-se que apenas 50% das línguas faladas actualmente estarão em uso até 2100. Consequentemente, a parte cultural será afectada e a fiabilidade da compreensão humana começa a tornar-se inatingível e até precária. Como resume, o site oficial do projecto, “perdemos a prova de séculos de vida”. Para que tal seja evitado, basta o contributo de todos neste projecto. Não se trata apenas de uma região que perde parte da sua identidade cultural, mas sim de uma perda para o nosso país e para o mundo.