Fumar mata.
Não, não mata.
Fumar vai matando lentamente…
Vai roubando vida à própria vida.
Torna as pessoas reféns de vícios e hábitos que se tornam rituais, h<span;>ábitos que sugam o tempo e provocam neuras de privação.
O tabaco rouba a capacidade de saborear ou degustar os alimentos, de apreciar os cheiros uma vez que se vive impregnado com aquele cheiro tão peculiar e característico (que não é nada agradável a quem não fuma).
O tabaco oferece outros pequenos vícios associados, como por exemplo o cafezinho que o acompanha ou o vício, mais recente e devido à legislação cada vez mais apertada, de sair para a rua de tempos a tempos, só para “dar uns bafos”, interrompendo o trabalho ou até alguma confraternização entre amigos.
Já para não falar no dinheiro que desaparece diariamente das carteiras, que vai pesando cada vez mais no orçamento familiar a cada aumento de preço decretado.
Cada vez mais, o fumador está a ser marginalizado e “castigado” legalmente por um hábito que o prejudica em todos os sentidos, de modo a evitar que prejudique todos que o rodeiam.
Não me confundam com uma fundamentalista que ataca o tabaco e fumadores, porque se eu não soubesse o prazer que dá um cigarro a seguir um bom jantar ou durante um qualquer momento menos agradável, não teria fumado durante quase três décadas.
Nada disso. Eu entendo o prazer de fumar, tal como conheço os efeitos de uma garganta permanentemente irritada, a falta de ar e o cansaço permanente.
Apenas decidi que o prazer que me dava cada cigarro fumado não era o suficiente para arcar com o prejuízo que o mesmo me dava na saúde e na carteira.
Custou, não minto. Tentei algumas vezes, fracassei, inventei desculpas e enganei-me mim própria sempre que era tentada: “só mais este”. E “este” voltava a ser o ritual necessário numa periodicidade cada vez menor.
Foi difícil e exigiu muito de mim e do meu sistema nervoso durante aquela fase de abstinência. Andei irritadiça, algumas vezes tão insuportável que não me aturava a mim própria, mas consegui, sem comprimidos ou outra qualquer droga de substituição, usando uma técnica de inversão ao que me fazia cair sempre no mesmo. Decidi que ia dizer não a um cigarro de cada vez. E de “ainda não” a “ainda não” desconstruí o vício.
Recuperei tudo o que o tabaco me tinha roubado sem eu me aperceber. Livrei-me da dependência, da neurose de andar sempre a acender um cigarro, como se vida dependesse disso, livrei-me do vício de mão daquele gesto de levar o cigarro à boca e da dependência da nicotina, esta muito mais rápida porque desaparece do nosso sistema em apenas três dias.
Não há nada melhor do que a liberdade e da sensação de não se depender daquele rolinho de prazer instantâneo.
Sejam corajosos, teimosos e desafiem-se a conseguir.
Eu consegui, tu também consegues! Assim o queiras!