Quantas pessoas existem em cada um de nós? Será que nos conhecemos e sabemos quem somos? Aquele ser que é projetado no espelho pode muito bem ser uma imagem que se desenha e não a que é real. A vida é como se sente ou somos nós que a sentimos desse modo em particular? Respirar é preciso e abrir a mente ainda mais. Somos nós ou ilusões?
Quem é que ainda não experienciou a sensação de ter um pesadelo? Parece tão real que o acordar vem logo acompanhado de cansaço e de dúvida. Foi ou não foi? A vida tem destas facetas como se estivesse sempre a desafiar quem a quer viver. Uns são afoitos e vão a ela com garra e outros encolhem-se na esperança de que passe sem deixar marcas.
Somos uma espécie de árvore que necessita de muito adubo para se tornar bela, imponente e frondosa. As folhas terão de ser fronodas para que a sombra funcione na perfeição. Os ramos esticam-se e podem acolher tantos rebentos que, mais tarde, serão o refúgio de animais e de pessoas. As raízes alimentam o tronco que se estende.
Na verdade, tudo começa por baixo e sem a solidez, seja lá do que for, nada se consegue. E volto aos pesadelos, sonhos pouco simpáticos que servem para incomodar. Alguns passam sem deixar rasto, mas outros levam a que se fique a pensar. São reflexos do que se sente ou apenas uma mera imagem de medos e de acumulação de atos frustrados?
Tanto se poderia dizer sobre o assunto e tanto que se pode especular. Os sonhos são uns filmes que saem de cada um e que, de tão elaborados, até deviam merecer prémios. Há uns que são recorrentes, que todos sonham, como voar ou cair, mas os especiais são os dos Óscares onde a imaginação é tão prodigiosa que até deixa o autor a pensar.
Somos o que pensamos ou meras imagens que se projetam quando fechamos os olhos? Existimos ou somos sonhos que flutuam num espaço que permite o cruzamento entre as entidades que, aleatoriamente, tocam em asas imaginárias dos outros? Os sonhos são mensagens que devem ser tidas em conta? Como se podem ler?
Os pesadelos são os sonhos não realizados e por isso incomodam muito mais. Aquilo que não se conseguiu, o que se desejou e perdeu ou que se desistiu, voltam numa qualquer noite para incomodar e marcar posição. Doem por serem próximos e claros ou por não conseguirem resolver os mistérios que ainda não conseguimos desvendar?
Somos pedaços, fragmentos de pó e de massas maleáveis que se unem em épocas que sabem e conhecem o importante. Quem queremos ser? Seremos mesmo assim ou ainda há quem nos mova como se fossemos uns meros bonecos de trapo? Sentimos? Ainda há espaço para sonhos?
A vida tanto tem de sonho como de pesadelo, em doses curtas ou generosas, mas a forma como se armazenam, faz toda a diferença. Os que nos deixam, ou por já terem gasto a sua chama ou por quererem percorrerem outros caminhos, são os pedaços que, sem o saber, redundam em heranças e são estes que irão permitir que sejamos eternos.