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Estamos cegos

Somos tão cegos que olhamos de frente para o mundo sem conseguirmos ver a verdade de tudo o que sentimos e que constantemente negamos.

Passamos os dias querendo ver o que toda a gente esconde e ignoramos o que mostramos e deveríamos guardar para nós.

O importante nas nossas vidas passou a ser o que a vizinha loira veste quando saí para o trabalho, sem que se perceba o que ela faz na realidade. É tentar adivinhar quem é a nova namorada do vizinho do rés-do-chão, aquele que a semana passada comprou um carro novo e que nem sabe que nós vivemos no andar de cima.

Parecemos verdadeiros detectives de tão empenhados que andamos em descobrir falhas na vida dos outros, para que os possamos criticar. Questionamos o que têm e duvidamos da forma como o conseguem ter. Criticamos aqueles que não conseguem subir na vida, sem tentarmos entender o que lhes falta, ou por que razão continuam a caminhar num sentido que nós julgamos estar errado.

Vemos tanto e observamos tanto as vidas alheias que na verdade nos tornamos cegos.

Vemos o que os nossos olhos querem ver e deixamos de ter sensibilidade para entender a verdade que se esconde do mundo para vivermos num (re)canto. Aprendemos tanto nas escolas que nos estamos a esquecer que só sentimento mostra quem na realidade somos. Calamos o coração, para que ele não (de)mostre que continua a existir um sentimento que nos corre nas veias e que faz com que pequenos detalhes nos lembrem o valor das coisas que ignoramos. Oprimimos o que deveríamos partilhar de uma forma espontânea com os outros, esses outros a que estamos tão atentos e que são em tudo iguais a nós mesmos.

Não vemos o avesso do sentir, ou talvez o mundo nos obrigue a criar uma barreira entre nós e o sentir, para que a sociedade, exigente por natureza, nos transforme em seres diferentes, para podermos chegar ao topo do sucesso que tantos procuram e outros tantos invejam.

Essa sociedade que nos obriga a ter um emprego e bom nível de vida para podermos ser aceites em determinados sítios. A verdade é que é um ponto assente que as portas só se abrem para quem consegue pertencer a um determinado grupo que domina o mundo a todos os níveis, os outros ficam a ver esse mundo do lado de fora da janela.

É essa a sociedade, que se diz perfeita, e que espezinha aqueles que verdadeiramente precisam de ajuda e que vêem todas as portas a fecharem-se. Aqueles a quem os perfeitos, aos olhos do mundo, apontam o dedo dizendo que não merecem viver porque tem mau aspecto e cheiram mal, quando na realidade apenas têm fome e se vestem com os restos que deixamos no lixo.

É essa a sociedade que alimentamos e veneramos e por isso nos tornamos cegos perante a necessidade de amar o próximo. Estamos tão cegos que pomos ao mesmo nível a necessidade de um abraço com a futilidade de exibir o último modelo de um conceituado estilista. Confundimos fome e miséria com a falta de classe para fazer parte deste mundo a que pertencemos e que nos divide entre os que têm tudo e os que não têm nada. Estamos tão cegos que pisamos seres humanos iguais a nós só para chegarmos onde queremos.

Esta cegueira é hoje a maior doença que existe no mundo. Uma doença que os médicos nunca serão capazes de curar. Estamos tão cegos que um dia deste seremos capazes de nos matarmos só para nos tornarmos famosos.

É tempo de fecharmos os olhos para vermos o avesso do que fazemos e sentir que a vida é bem melhor quando é o coração a servir-nos de guia.

É tempo de olhar para dentro para sentir a magia de amar as pequenas coisas que não vemos, mas que nos fazem sorrir de felicidade, sem sentirmos a necessidade de as mostrar ao mundo que está sempre de olhos postos em nós.

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