A escrita está longe de ser uma ciência exacta, mas é certo que para escrever bem é imperativo o uso correcto da língua portuguesa, livre de todo e qualquer erro ortográfico. Apesar da escrita ser uma competência que é aprendida, tem que se saber utilizá-la. Não basta somente um texto com a pontuação adequada e no sítio certo, que pode não fazer sentido ao leitor, ou que este se possa perder na sua leitura. Em primeiro lugar, é importante que, antes de qualquer palavra, se defina o receptor da mensagem, ajustando-a ao qual se destina.
Após definir-se o receptor, é necessário que a ideia esteja bem estruturada, o que requer um conhecimento e pesquisa prévios do tema a ser explorado. É desejável que, ao nível da tipologia, o texto se inicie com uma introdução do tema, para dar lugar ao seu desenvolvimento e posterior conclusão, como que um fio condutor que facilita o trabalho não só de quem escreve como de quem lê. A escolha do género do texto, se descritivo, narrativo, ou de dissertação, vai depender do gosto particular do autor, bem como da tipologia com a qual se identifica a escrever. No final, o que verdadeiramente importa, é que o escritor se sinta confortável na sua escrita, independentemente de qualquer tipo de formatação.
Regras à parte, escrever bem é consideravelmente diferente de bem escrever. Pode-se escrever bem e não existir conteúdo, não se transmitir qualquer mensagem, a mesma não causar qualquer impacto nem tão pouco ficar na memória. Não há grandes mistérios, o segredo para bem escrever é bastante simples: aliar o português correcto à paixão. Trata-se de pegar nas palavras e de com elas brincar, utilizando todos os seus sentidos, do literal ao figurado. Quando nos projectamos através da ponta da caneta, não há obrigações de pontuação, barreiras nas palavras, porque simplesmente a imaginação não tem limites e, como tal, não deve ser limitada por aquilo que se considera correctamente redigido.
Como em qualquer situação, não só ao nível da comunicação, é importante mantermo-nos fiéis a nós próprios e revermo-nos no nosso trabalho. Mesmo quando o tema ultrapassa os limites da nossa opinião e tenha por base a pesquisa de tudo aquilo que sobre ele já foi escrito, é sempre uma mais valia reescrevê-lo com uma perspectiva própria, conferindo, assim, ao texto uma certa personalidade, que decerto fará toda a diferença. A escrita é, sem dúvida, uma arte e, por muito que se escreva bem, sem paixão não há bem escrever.
A escrita é a pintura da voz
– Voltaire