Um dos grandes desafios do futuro, mas também do presente, é transformar a nossa visão do que é o envelhecimento e a dita 3 idade.
Com o aumento da esperança média de vida, abriu-se uma serie de novos paradigmas do que é envelhecer, portanto, temos de pensar seriamente em formas de conseguir incorporar o conceito de envelhecimento activo como um conceito personalizado e não genérico.
Para além de um processo biológico, o envelhecimento é também sociológico. É algo que tem várias dinâmicas e dimensões sociais que vão muito além do processo físico.
Continuamos em muitas situações a assistir a um idadismo muitas vezes subtil e generalizado. O idadismo é a atitude preconceituosa e discriminatória com base na idade, sobretudo, em relação a pessoas idosas. Contudo, para além da exclusão e preconceito de outros, a auto-exclusão e auto-discriminação também são uma realidade.
“Sou muito velho para apreender coisas novas, isso é para os novos.” Estás são frases recorrentes.
Os choques económicos e sociais muitas vezes levam a que se relegue para segundo plano o bem-estar físico e psicológico, sendo que estas também são dimensões importantes do bem-estar psicossocial e de uma comunidade.
O envelhecimento activo também pode ser um Envelhecimento Participativo e o desenvolvimento comunitário requere envolvimento na comunidade. É possível criar iniciativas interessantes e impactantes focadas e construídas por pessoas e para as pessoas, algo que seja colaborativo e de base local, estratégias de envolvimento activo a uma escala local e que sejam um espelho do que as pessoas necessitam.
A proximidade constrói-se com políticas humanas, quotidianas e com um mapeamento que não seja meramente estático e estatístico. Tem de ser feito através de um conhecimento real e olhos nos olhos, mas muitas vezes é difícil construir pontes para as ilhas de solidão deste seculo XXI.
Os ditos programas de envelhecimento activo podem e devem ser uma forma de:
- Fomentar o convívio intergeracional.
- De inovação social e de actividades fora da caixa.
- De trocar conhecimento técnico, académico, mas também de experiências de vida e da história de uma região e da vida quotidiana do passado.
- Fomentar ou preservar as relações de vizinhança e de bairrismo construtivo.
- Ajudar a superar a dificuldade que muita gente tem em lidar com o facto de deixar o mundo do trabalho.
- Providenciar hobbies e actividades que as pessoas sempre quiserem fazer e nunca tiveram oportunidade.
- Actividades que combatam o isolamento e o idadismo.
Podemos fazer e dizer muita, mas claro que é difícil sentir na pele, e pensar no nosso futuro e no nosso próprio envelhecimento e nas nossas memórias de glória e vivacidade.
Ao lidar com a nossa mortalidade e envelhecimento biológico, estamos mais uma vez a gatinhar e a aprender a andar em novos sapatos, mas também nos sapatos dos outros na pele de quem nunca conseguimos perceber.
Olhando para trás e em retrospectiva com tons de sépia, mas sem filtros de Instagram, porque a vida não tem filtros. Se se perderam as redes reais de apoio, as verdadeiras redes sociais, as conversas de vizinhança, o saber como está o outro cara a cara, não há directivas que resolvam os problemas, porque temos de ser verdadeiros operários de terreno ouvir e ser ouvidos, porque podemos estar sozinhos numa multidão.
Quarenta anos é velhice para a juventude, e cinquenta anos é juventude para a velhice.
– Victor Hugo