Todos os dias surgem pessoas na nossa vida e nunca sabemos se chegam para ficar, se são meros figurantes de um momento só, ou se trazem consigo outras intenções.
Num primeiro impacto, guardamos a primeira impressão que a pessoa nos deixa. Não queremos dar ouvidos a terceiros. Talvez, porque queiramos dar a nós mesmos a possibilidade de descobrir quem é a pessoa na verdade. Talvez, porque a pessoa mereça a oportunidade de se mostrar no seu todo. Além disso, os “ouvidos”, por si só, nunca foram bons juízes.
Contudo, as pessoas têm o dom de se tornarem temporárias. Poucas são as que trazem o coração junto com elas. Poucas são as de verdade. E, quantas vezes, demoramos uma “vida inteira” para ver isso? Quantas chegam, apenas e só, com a clara intenção de tirar dividendos? De usar e abusar?
Não são assim tão raras, infelizmente! E se, num primeiro momento, somos “vítimas”, porque estamos de coração aberto e não conseguimos ler os sinais, depressa a responsabilidade de nos magoarem ou usarem passa a ser integralmente nossa. Ninguém consegue ser actor durante demasiado tempo. Ninguém consegue encenar um teatro sem deixar pistas da sua verdadeira essência. Compete-nos estar atentos e ver para além do óbvio.
Pessoas que aparecem na vida para nos “sugar”, fazem-no, porque, a dado momento, o permitimos. Porque é fulcral saber dizer não! Quando não estamos confortáveis para usar essa palavra, estamos a abrir um precedente para que os outros nos esmiúcem. É importante que consigamos ter a capacidade de dizer sempre aquilo que sentimos, para o bem e para o mal. Só essa transparência traz a clareza de pensamento que, tantas vezes, o outro lado precisa saber de que somos capazes.
As pessoas usam-nos pelas mais diversas razões. Porque são más, porque estão habituadas a ter dos outros exatamente aquilo que pretendem. Porque têm o coração do lado errado do peito. Porque, na sua maioria, estão tão rasgadas no seu íntimo, que só quando conseguem fazer o outro sentir-se da mesma forma ficam bem. Surpreendentemente, este tipo de gente tem a capacidade de perceber a medida exata das nossas fragilidades. É por aí que nos tomam o pulso. É por aí que nos usurpam a alma.
Depende de nós impor limites, independentemente do tipo de relação. Compete-nos limpar da nossa vida tudo o que não acrescenta. Não precisamos de provar nada a ninguém, a não ser a nós mesmos. Enquanto insistirmos em procurar aprovação de outrém, abrimos um caminho sem volta para que se aproveitem de nós. Porque ao fazê-lo, mesmo que inconscientemente, andamos em círculos em tentativas para agradar… E quando se agrada a todos, algo está mal.
Reciprocidade é o mote. Ficar onde nos querem bem. Deixar ir quem não sabe estar.