
Voltas ao teu país depois de um ano fora. Estás no ponto de partida. A procura de emprego na tua área é uma realidade com a qual te deparas mais uma vez.
Aquela coisa de alguém nos ligar a dizer que precisa de uma pessoa com as nossas qualificações para trabalhar na empresa X acontece mesmo? Não a mim, pelo menos.
Optas por adiar a tarefa. Afinal tens de visitar os familiares e amigos que já não vias há meses. Tens de ir àquela pastelaria a que já não vais há meses. Não podes faltar àquela festa. E, claro, não podes desperdiçar os últimos dias de Sol do ano sem dar um saltinho à praia. O tempo passa e percebes que tens de te deixar de desculpas e meter mãos à obra.
O primeiro passo? Encontrar um trabalho temporário que te permita pagar as contas enquanto não consegues um trabalho na tua área – à partida mais difícil de encontrar ou, pelo menos, com um processo de recrutamento mais demorado. Computador a postos, internet ligada e começa a procura por anúncios de trabalho. O Facebook mostra-se uma ferramenta útil, através das páginas e grupos que anunciam ofertas de emprego. Selecionas as ofertas que te interessam, elaboras o currículo, escreves uma carta de motivação (caso necessário) e envias para os endereços de e-mail indicados. Um dia recebes uma chamada, vais à entrevista e és selecionada. Finalmente conseguiste superar a primeira parte do teu plano: és operadora de loja de um supermercado perto de tua casa – um dos únicos sítios interessados em trabalhadores a tempo inteiro.
Repor produtos, frentear a loja e fazer caixa passam a ser tarefas do teu dia-a-dia durante oito horas. No restante tempo, começas à procura de estágios profissionais na tua área, a elaborar um currículo mais cuidado, a escrever cartas de motivação e a organizar o teu portefólio. Pelo meio, ainda arranjas tempo para cozinhar (às vezes), lavar a roupa e limpar a casa. A vida social e a família acabam por ficar em segundo plano – até porque o dia só tem 24 horas.
Começas motivada, mas rapidamente relembras as dificuldades laborais que existem na tua área: estágios curriculares não remunerados, estágios profissionais a começar no próximo ano com um período de experiência não pago de 3 meses, empresas que exigem que tenhas carro, computador próprio, telemóvel com as características x e y, câmara fotográfica e licenças de determinados softwares, claro está. Dizes que não. Fazes questão de ter um emprego que te dignifique como profissional.
No meio da correria dos teus dias esqueces-te de te candidatar a uma vaga de emprego que parecia promissora. Decides enviar o currículo, ainda que já possa ser tarde. Finalmente consegues uma oportunidade. Decides arriscar e esperas que tenha sido a melhor decisão.