Empreendedorismo tem tudo para ser considerada a palavra de 2013. Nunca se falou tanto da importância de empreender como agora. É nos telejornais, o ministro da Economia, António Pires de Lima, a defender que seja uma disciplina obrigatória no ensino, é o idealista revolucionário, Miguel Gonçalves, a vender a ideia de ser a solução para o desemprego… Em suma, as iniciativas têm-se multiplicado, os programas acumulam-se, os eventos já são mais do que os dias que o ano tem e ninguém fala do mais importante – dos custos e sacrifícios que estão em jogo.
Para criar um negócio não basta ter uma boa ideia e ser ousado como se ouve falar muitas vezes. Johann Goethe, escritor alemão (1749 – 1832), já defendia no seu tempo que “ideias ousadas são como as peças de xadrez que se movem para a frente, podem ser comidas, mas podem começar um jogo vitorioso”. Criar uma empresa de raiz, ou investir para melhorá-la, implica, sempre, correr riscos. Assim sendo, é imperioso que se faça uma cuidadosa avaliação dos prós e dos contras antes de se dar o primeiro passo. Caso contrário, a ideia brilhante poderá culminar numa tentativa fracassada de empreender, em negócios falhados, ou, ainda, num compromisso financeiro com o Estado, que se prolongará muito para além da vida do próprio projecto.
Na verdade, a vida de um empreendedor é tudo menos um mar de rosas. São as contas para pagar, os funcionários para administrar, o estoque para comprar, uma infinidade de assuntos para tratar que vão fazer com que inevitavelmente se abra mão de duas coisas importantes: o tempo e o dinheiro, especialmente durante o primeiro ano. Por isso mesmo, é necessário que quem pense em abrir um negócio esteja consciente que não terá tempo livre para o lazer e que a carteira será mais magra. Se não estiver disposto a isso, nem vale a pena avançar. Como costumam dizer: “tudo na vida tem um preço” e criar um negócio tem o preço de – tudo ou nada.
Outro obstáculo óbvio prende-se à actual situação económica, que tem afectado e muito o poder de compra dos portugueses, o investimento público e o acesso ao crédito. Para não falar da burocracia que desanima qualquer um. Não admirando, por isso, que um estudo recente levado a cabo pela Amway, com o apoio do Instituto GfK Research de Nuremberga, confirme que 64% dos portugueses gostasse de criar o seu próprio negócio, o problema é a falta de capital inicial que os faz recuar.
A boa notícia é que cada vez mais as universidades portuguesas investem em departamentos para mostrar aos estudantes os casos de sucesso, mas também os de insucesso. Um dos exemplos é o Clube de Empreendedorismo da Universidade do Porto, o primeiro do género do país. Nasceu em 2007 e hoje conta com mais de 600 membros. Para além de organizar eventos sobre o tema, faz a ponte entre os estudantes e outros organismos da universidade, ajudando, deste modo, a transformar ideias em negócios. Tal como refere um dos elementos do clube, “acima de tudo as pessoas devem estar conscientes do risco que se corre a começar um projecto próprio e do trabalho que isso exige. Não basta ter uma boa ideia, porque boas ideias qualquer pessoa tem. O que vai diferenciar os que têm a ideia daqueles que têm sucesso é o trabalho e o compromisso que vão dedicar à própria ideia”.
Casos bem conhecidos como Bill Gates (Microsoft), Richard Branson, Larry Page e Sergey Brin (Google) provam isso mesmo. 90% das novas empresas falham logo durante o primeiro ano e, na maioria dos casos, com uma enorme perda para aqueles que se atreveram a começar uma novo projecto. Porém, os que conseguem sobreviver à barreira do primeiro ano, têm tendência a manter-se empreendedores por muito tempo. Segundo os gurus do empreendedorismo, a persistência é o segredo.