Em casa do Marcelo

Após o 10 de março, o que podemos concluir da nova constituição do parlamento e que ilações devemos tirar?

A nova constituição do parlamento, composta por 230 deputados, indica-nos uma nova tendência de crescimento de direita, “de uma nova direita” ainda pouco conhecida e que tem agora tempo de antena para mostrar o que realmente pretende para o país.

Assistimos a uma ala de direita fragilizada por todo o seu passado onde não existe um histórico de entendimento entre toda essa ala. Nos últimos dias temos assistido a diversas conversações com vista a um “entendimento”. O chega proclama só votar a favor do orçamento, se tiver voto na matéria, e o parceiro que parecia “certo”, a IL, vem agora dizer que vai votar medida a medida.

Os próximos dias, até há formação de um novo governo, comprovarão até que ponto a direita está pronta a levar o país para a frente.

Quando em 2022 tudo parecia correr bem ao partido socialista, vêm-se envolvidos em diversos escândalos e esquemas de corrupção. A queda de um governo com maioria absoluta é uma coisa pouco provável, mas a democracia mostra-nos que ninguém, nem mesmo com maioria, tem poder absoluto.

Os portugueses foram chamados às urnas e como vimos pelo resultado da abstenção (40.16%), podemos concluir que as pessoas tornaram outra vez a considerar o seu voto como extremamente importante.

Porém, vamos lá ao que realmente interessa.

O partido PAN – Pessoas Animais e Natureza, depois de ter conseguido, em 2022, 88 127 votos, conseguiu um total nestas legislativas de 126 085. Ou seja, teve um crescimento no número de votantes, mas falhou o seu objetivo principal que era a criação de um grupo parlamentar, ficando assim com 1 deputado eleito nestas eleições.

O Livre, foi o partido que mais cresceu nestas eleições legislativas, enquanto em 2022 conseguiu um total de 71 196 votos, elegendo apenas 1 deputado, nestas eleições conseguiu quase que triplicar o seu número de votos para 204 676. Como resultado disso conseguiu a criação de um Grupo Parlamentar constituído por 4 deputados. Esta confiança dos portugueses lança um desafio de afirmação ao grupo parlamentar do livre à qual se pede uma maior capacidade de iniciativa. Tudo isto como recompensa de uma boa campanha feito por Rui Tavares.

O PCP, que viu o seu número de votantes a cair e como consequência disso o seu número de deputados eleitos descer. Em 2022 conseguiu uma percentagem em torno dos 4,30% e em 2024 viu a sua percentagem nos 3.17%. Uma redução de 1.13% que por sua vez faz com que nestas eleições, apenas consiga eleger 4 deputados.

O Bloco de Esquerda, que por sua vez, quase que manteve os seus resultados, em 2022 consegui um total 244 596 votos, enquanto em 2024 conseguiu aumentar esse número para 282 314, continuando assim com um grupo parlamentar constituído por 5 deputados.

A Iniciativa Liberal, à semelhança do Bloco de Esquerda, conseguiu quase que manter o seu resultado eleitoral comparado com 2022, elegeu 8 deputados. Este resultado pode ser considerado quase como uma derrota para Rui Rocha, uma vez que não era este o objetivo, mas, mesmo assim, a IL pode ser útil à AD, onde Montenegro poderá procurar algum entendimento. Sendo que, a título individual, o seu peso não irá fazer diferença na equação do poder.

A grande surpresa da noite foi a capacidade que o chega teve na mobilização de tantos votos, superando 1 milhão de votantes nestas legislativas, conseguindo assim eleger 50 deputados à assembleia da república. Sendo que, se refletirmos um bocadinho, nos últimos anos foram criadas narrativas que têm sido favoráveis com soluções populistas, para se conseguir dar uma resposta rápida para as contestações que se foram criando. O crescimento do chega tem sido proporcional à queda dos partidos que têm governado em Portugal.

O partido socialista, que até então estava no governo, baixou levemente o seu número de eleitores, conseguindo assim nestas eleições eleger 78 deputados, enquanto nas legislativas anteriores conseguiu uma maioria absoluta com 120 deputados eleitos. Falamos numa redução de 42 deputados. Um resultado desastroso para um partido com história e que vinha de uma maioria absoluta.

Como apontava as sondagens, a Aliança Democrática foi a vencedora destas eleições, embora com uma pequena diferença para o Partido socialista e isso percebe-se no número de deputados eleitos nestas legislativas, cerca de 80 deputados. Curiosamente, em 1985, Cavaco Silva, na altura líder do PSD ganhou as eleições por um score parecido, e nessa mesma eleição também houve um terceiro partido para além do PS que ganhou uma dimensão bastante significativa, foi então o PRD-Partido Renovador Democrático. Bastaram então apenas 2 anos para nas eleições de 19 de Julho de 1987, na altura Cavaco Silva, conseguir uma maioria absoluta. Será que a história se irá repetir, mas desta vez com Luís Montenegro?

Após Marcelo receber todos os partidos com assento parlamentar em Belém, Luís Montenegro (Aliança Democrática), foi convidado a formar governo. Este governo tomará posse no mês dos 50 anos do 25 de abril e terá como responsabilidade principal tentar manter a estabilidade que o país tem tido nos últimos anos e do qual tem podido retirar inúmeros proveitos, onde se destaca a economia portuguesa.

Agora resta esperar para ver o que o FUTURO tem destinado para o nosso país, que por sua vez se adivinha difícil.

Resta-me terminar este artigo com um agradecimento especial ao Rodrigo Fino, um grande amigo meu, na qual foi uma preciosa ajuda e, de certa parte, este artigo não teria sido feito se não falasse com ele. Prometo mais parcerias com o mesmo!

Rodrigo, que é nascido e criado na beira interior, onde atualmente frequenta na licenciatura em gestão e músico na Filarmónica Recreativa Carvalhense. Tem uma frase própria para transmitir aos leitores “Para onde quer que vá, leva o orgulho de ser serrano.”

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