O realizador Michael Radford recriou o filme hispânico de 2005 sobre dois seniores que descobrem que nunca é tarde demais para realizarem os seus sonhos. Shirley Maclaine e Christopher Plummer são os protagonistas desta história.
Actualmente o cinema está saturado de histórias de amor. A narrativa de boy meets girl é do mais comum que pode existir, mas não pensem que eu sou contra o romance, não. Muito pelo contrário, apenas acho que é tudo muito do mesmo. No entanto, foi com o filme Amour, apreciado pela crítica, que assistimos a algo raro, um romance entre dois octogenários. Uma abordagem comovente sobre o amor na terceira idade, também possível, mas que a maioria das pessoas parece esquecer-se. Elsa & Fred repete a dose do amor sénior e por esse motivo também se diferencia.
Neste filme conhecemos a história de dois estranhos que devido ao destino, (vamos chamar-lhe assim para embelezar o texto) se conheceram. Bem na verdade, conheceram-se devido à distracção de Elsa quando bateu no carro da filha de Fred sem se culpabilizar, mas isso estraga o momento. É evidente que o casal tinha tudo para se odiar no início. Fred (Christopher Plummer) mudou de casa, para ficar mais perto da filha, após a sua esposa falecer. Apesar de ser um homem rabugento, estar constantemente deprimido e sem vontade de conviver, Fred tem um bom coração. Já Elsa (Shirley Maclaine) é totalmente diferente, mulher jovial, cheia de espírito e sempre pronta para a aventura, mesmo apesar da idade. Talvez por isso se conectam. Ele deixa-se contagiar pela vivacidade dela, e ela sente que precisa de ajudar aquele homem a aprender a viver. Confirma-se que os opostos atraem-se.
No decorrer do filme acompanhamos o desenvolvimento da relação dos dois que começa muito lentamente. Elsa conta histórias mirabolantes do seu passado, enquanto Fred assiste com fascínio à experiência de vida daquela mulher. Vão a aulas de dança juntos, passeiam no parque e até fogem de um restaurante sem pagar. Parecem um casal jovem de enamorados, até Fred descobrir a verdade sobre a sua companheira. Apesar disso ainda tenta concretizar o seu maior sonho. Desde sempre seduzida pelo filme “La Dolce Vita” (1960) de Fellini, Elsa pretende ser por apenas um momento Anita Ekberg na Fontana de Trevi em Roma, naquele que é dos momentos mais celebres do cinema. Não conto se consegue ou não, isso fica para adoçar o apetite a verem o filme.
Mesmo com actores de topo galardoados no elenco principal, não foi o suficiente para tornar este filme memorável. O enredo é mediano e a história previsível. Contudo, existem pequenos e leves momentos de humor que tornam este filme visualmente bonito. Resumindo, este é um filme ideal para aqueles que ainda não perderam a esperança.
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