O verbo educar provém do latim «educare», educar, instruir, ensinar, amestrar. Significa, propriamente, tomar cuidado da educação, tanto no ponto de vista físico como moral.
Em curiosidade se instrui: “Há quem relacione o latim «educare» com o latim «dux», aquele que conduz; o guia, o chefe. E também com o verbo latino «ducere», conduzir. Mas não é isso o que ensina o muito bom «Dictionnaire Étymologique de la Langue Latine — Histoire des Mots», de A. Ernoat e A. Meiblet. Este menciona à parte «educare», sem relação com «dux» nem com «ducere». Mas há dicionários que relacionam «educare» com «ducere».”*
“Vamos ser sinceros:” às escolas é suposto ensinar ou educar?
Se os pais querem que a escola eduque os seus filhos, o tempo para realizar as tarefas escolares passa a estar em casa?
Se os professores têm a cargo uma “imensidão” de burocracias, grelhas e reuniões, exigidas pós tempo de aulas, onde cabe a autonomia e criatividade individual para ser interpretada dentro da sala de aula?
Se o Ministério condiciona a liberdade de cada professor, exigindo-lhe a exactidão dos números e, a própria sociedade se rege nesse ambiente competitivo, quiçá seja injusto afirmar que “o sistema de ensino está feito para nos prepararmos para os testes e os exames, principalmente quando existem rankings de escolas. Não interessa o comportamento, ou os trabalhos realizados, quando na avaliação final os testes valem 80% da nota final”.
Até porque nem tenho por hábito justificar os condicionalismos das leis que nos regem com palavra tão nobre quanto a justiça. Porém, há uma certa falta de integridade ao avaliarmos os dois pratos da balança.
Se num lado, temos os alunos, no outro temos os professores. Se num lado, temos a escola, no outro temos os pais. Se num lado temos o Ministério, no outro, temos a Sociedade.
E no final, fica uma aldrabada miscelânea política na qual se fazem as leis e, onde se detém a importância dos rankings de escola. Mostrando ao mundo inteiro (?) de que em Portugal só há gente culta, informada e doutorada. Algo que sempre foi muito aportuguesado e, onde “todos são doutores e engenheiros”. Diferente da iliteracia e analfabetismo de outrora, mas cujos valores, moral e própria palavra eram base dum comportamento e integridade individual…acima do estatuto de coisice nenhuma.
“Eis aqui, quase cume da cabeça,
De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a Terra se acaba e o Mar começa,”
(Luís de Camões, Lusíadas, Canto III, estrofe 20)
Concordo em absoluto, o actual sistema de ensino não é eficaz. Não é produtivo e deita por terra “a grandiosidade” de ser lusitano.
“Será isto correcto? Os testes não poderiam ser uma ferramenta de aprendizagem em vez de avaliação como é agora?”Será que é agora? Ou, que foi sempre? Mas o que salta mais à vista é esta surdez generalizada e focada em percentis, enfraquecendo o sistema de ensino (e não de educação), e dando a ilusão de ser eficaz.
Entendendo o porquê desta estrutura organizativa e como surgiu: https://www.iniciativaeducacao.org/pt/ed-on/ed-on-multimedia/educar-tem-ciencia-o-pisa
Abordando o aspecto humanista temos os professores e os alunos. Onde é que cabem aqueles que importam?
Se há cerca de 20 anos atrás, depois dos resultados da participação de alunos no estudo PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), houve a necessidade de alterar os programas educativos e adequá-los a “uma nova realidade”. Mas, será que se tende a perpetuar o erro de os padronizar e nada mais existir para que evoluam com o tempo? Vinte anos é muito tempo para se manter algo, cuja Escola não tem nada de novo para oferecer ao aluno interactivo e, ao professor que “tudo faz”, menos ter a possibilidade de ser, simplesmente, aquele que ensina.
Se o sistema educacional tradicional é focado no professor, com base em tabelas e grelhas, números e escalas, numa versão quantitativa da aprendizagem, convém saber que existem outras escolas disponíveis. Focadas na criança e no potencial intrínseco em cada uma, com métodos pedagógicos e de aprendizagem capazes de os direccionar para a vida em sociedade, qualitativamente.
Quem não se recorda daquele ou daquela professor(a) que plantou semente na sua infância, no seu coração? Que lhe ofereceu, mesmo com todas as contrariedades do sistema educacional e das exigências burocráticas que o enfraquecem enquanto pedagogia, o tempo, a vontade, o carinho… para além da matéria dada, como bases para um caminho de força, resiliência e até de querer ser igual?
Uma reflexão que se pode fazer antes de se questionar sobre o ensino em Portugal.