+1 202 555 0180

Have a question, comment, or concern? Our dedicated team of experts is ready to hear and assist you. Reach us through our social media, phone, or live chat.

É Natal

Se há coisa de que gosto é comer. Normalmente ninguém acredita, porque, como a minha mãe gosta de dizer, sou gorda como um cavalo de pau! Não sou grande adepta de doces nem sequer gosto de chocolate, mas comida, comida… Ui! Adoro aquelas refeições que duram e duram e duram… Não há nada melhor do que estar à mesa em boa companhia, regada de bom vinho e com boa comida. Para mim o dia perfeito é passado à mesa!

Quem me conhece sabe que não podia ser de outra forma. Cresci em Fanhões, uma aldeia perto de Loures, quem tomava conta de mim, enquanto os meus pais estavam a trabalhar, era a minha Avó Naná. Exímia costureira e também uma excelente cozinheira, a senhora onde punhas as mãos fazia magia. Não havia refeição em que não achasse que eu ainda tinha espaço para mais qualquer coisinha. A minha mãe embora não costure, herdou os dotes culinários e, por isso, os encontros de família continuam assegurados. Já a parte vinícola, herdei da família do meu pai. O meu avô Leonel era campino e, nas horas vagas, dançava o fandango em cima de barris de vinho. Dizem que às vezes tinha mau vinho, mas para mim sempre foi uma referência de afecto, sempre fui a “Bequinhas” dele. Hoje o meu pai tem o mesmo cabelo de lã e o gosto pela rota das tascas… dizem que estas coisas são genéticas. A culpa é toda do maldito ADN!

E dirão vocês: “Adoras o Natal!” Ao que respondo: “Sim e Não”.

Detesto as casas iluminadas, aquelas com uma mixórdia de cores que tilintam e ao longe parecem tudo menos uma casa de família. Os Pais Natal nas varandas são simplesmente ridículos… As compras em exagero, o desperdício de comida, os exagerados gastos públicos em iluminação show-off, enquanto temos zonas do país que no resto do ano quase não a têm, a falsa solidariedade, a falsa caridade e a chata nostalgia.

Porém, o melhor é entrar no espírito Natalício. Embrulhem as prendas, vistam as vossas camisolas mais confortáveis e quentinhas e sigam-me num roteiro gastronómico natalício por alguns dos meus países de eleição. Ah, já agora, tragam também o fato de banho e chinelos, porque o Natal também é passado na praia.

Primeira paragem, Polónia. Entregue a carta ao Pai Natal, podemos então experimentar um Barszcz com Uszka a acompanhar, que basicamente é um consomê de beterraba com pastelinhos de cogumelos. Na Polónia, manda a tradição que se façam 12 pratos (nenhum contém carne) na ceia de Natal e que cada mesa tenha uma cadeira vazia, porque pode sempre aparecer mais alguém.

Trata-se de beterraba crua, descascada e cortada em fatias, fermentadas, durante quatro a cinco dias, em água pré-fervida e gelada, com ou sem alho. Em seguida, é misturado um caldo feito de cogumelos selvagens secos e um caldo de legumes.
Normalmente é servido com pequenos bolinhos recheados com uma mistura de cogumelos Porcini secos embebidos em cebola frita.

Quanto a vocês não sei, mas eu não vivo sem pão. Por isso, vale a pena ir até à Grécia, experimentar o Christopsomo (pão de cristo). No entanto, atenção, os gregos celebram o Natal de uma forma bem sóbria, não há árvore de Natal, luzes ou meias na lareira. Em algumas partes, a decoração não passa de um centro de mesa feito com maçãs gratinadas com mel. Por isso, se querem Bling Bling fiquem por Portugal e comam antes um bolo de rei.

É um pão redondo e doce que me faz lembrar o bolo de rei. Passas, nozes, canela, cravo e noz-moscada são apenas alguns dos sabores que se pode encontrar.

Antes de passarmos à acção, proponho mais uma sopa. Para isso vamos até Itália, mais propriamente a Nápoles. Eu sei, também não é a minha cidade favorita, até porque sou benfiquista, mas parece valer a pena. Minestra maritata é um “casamento” entre carne e vegetais que me deixa com água na boca, dizem ser uma das heranças dos tempos de domínio dos “nuestros hermanos”.

Uma sopa muito rica feita com ossos de presunto, peru, frango, vitela, salsicha, pequenas endívias, chicória, brócolos e repolho. Nas famílias mais pobres as partes menos nobres do porco também eram usadas.

Para mim, ainda dava um salto à Christiania na Dinamarca só para relaxar e beber um  Glogg.

Com Fidel ou sem Fidel, Cuba para mim sempre foi um destino a conhecer, ainda não tive oportunidade, mas mais dia, menos dia estou lá batida. No Natal, fazem um grande banquete e assam um porco no espeto que vale a pena dar uma trinca, mas queria mesmo experimentar era os tostones (banana frita) e frijoles con ron y miel com uma taça de mojito a acompanhar.

Feijão demolhado com cebola, pimentão (vermelho e verde), louro, páprica, cominho, orégano e pimenta verde picada. Regado com vinagre

Daqui seguimos para a Jamaica, onde se percebe que também na culinária aplicam o lema “de muitas culturas, um só povo”. A variedade de ingredientes é imensa e os pratos mais tradicionais passam por presunto cozido, carne assda, rabada, gungo e carneiro ao curry acompanhado de uma batata doce chamada ‘yampi’. Para mim podia ser o último regado a sorrel.

Vinho derivado da fruta com o mesmo nome, conhecido em outros países como flor da Jamaica, rosa jamaicana ou hibisco. O licor é doce, de cor vermelha, incrementado com gengibre, canela, pimenta jamaicana, cravos e um toque de “Holiday Cheer”, conhecido como rum branco, a bebida que os jamaicanos adoram beber nas comemorações.

Para terminar, passamos pelo Brasil, para comer uns bolinhos de bacalhau para matar saudades de casa. Depois de tudo isto, e já que estamos no Brasil, porque não ficar até ao Ano Novo e receber Iemanjá! Dia 7 de Janeiro encontramo-nos em Moscovo para uma segunda volta.

Adicionar ao refogado 2 batatas médias cozidas e amassadas, 1 ovo batido, 200 g de bacalhau cozido e desfiado, ¼ xícara (chá) de farinha de rosca, 1 colher (sopa) de azeite, salsa picadinha, pimenta-do-reino moída, sal a gosto e misture bem até formar uma massa homogênea. Fazer bolinhas e fritar em óleo quente.
Share this article
Shareable URL
Prev Post

Clichés de Dezembro

Next Post

2016, o ano da “Geringonça” vs “Centrão”

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Read next