Downton Abbey é uma das séries históricas televisivas com maior audiência. Embora se trate de um programa ficcional, retrata com bastante rigor a sociedade britânica de início do século XX. Contudo, a quarta temporada, que começou a ser exibida recentemente, elevou o realismo a outro nível, nomeadamente com a inclusão de duas personalidades históricas: a escritora inglesa Virgina Woolf e a cantora lírica australiana Nellie Melba, interpretadas respectivamente pela actriz inglesa Christina Carty e pela cantora operática de origem neo-zelandeza Kiri te Kanawa.
Adeline Virginia Wolf nasceu em Londres a 25 de Janeiro de 1882 e suicidou-se a 28 de Março de 1941, afogando-se no rio Ouse. Filha do autor e historiador Leslie Stephen, Woolf desde cedo contactou com a sociedade literária e artística de seu tempo. Sua mãe, Júlia Prinsep Jackson Duckwoth chegou a ser modelo de pintores pré-Rafaelitas como Edward Burne-Jones. A morte desta, quando Virginia contava apenas 13 anos, terá motivado variadas depressões na escritora, agravada com a morte do pai, poucos anos depois. A sua carreira começou em 1900, com peças jornalísticas para o Times Literary Suplement, mas seria apenas em 1915 que editaria o seu primeiro romance The Voyage Out. Seguir-se-iam mais oito romances, o último deles publicado no ano da sua morte intitulado Between the Acts. Muito provavelmente, Mrs Dalloway, Orlando e The waves sejam actualmente os mais conhecidos do grande público. Para além disso, escreveu ainda vários contos, uma peça teatral e vários ensaios, onde abordou temas como o feminismo e a condição feminina do seu tempo.
Helen (Nellie) Porter Mitchell nasceu a 19 de Maio de 1861 em Richmond, na Austrália, e morreu a 23 de Fevereiro de 1931 em Melbourne, vítima de uma septicemia, após uma cirurgia facial. A música e o canto fizeram parte da sua educação desde cedo. No entanto, seria após um casamento mal sucedido que Nellie acabaria por seguir uma carreira profissional no mundo da ópera, debutado em concertos em 1884. Dois anos depois, acabaria por se estrear em Londres, embora sem grande sucesso. Embarca, então, para Paris, para ter aulas com Mathilde Marchesi, que lhe reconheceu o potencial artístico. Estreou-se como Gilda no Rigoletto de Verdi, no Théâtre de la Monnaie, em Paris e, em 1888, cantava Lucia de Lammermoor de Donizetti no Convent Garden em Londres. Seguiram-se aparições nos principais teatros de ópera da Europa: Milão, Berlim, Viena e São Petersburgo.
Em 1893 chega aos Estados Unidos da América, onde actua no Metropolitan Opera de Nova Iorque. A partir de então dividiria a sua carreira entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América, embora com digressões por vários outros países, nomeadamente à Austrália natal e à Nova Zelândia.
A partir de 1909 estabeleceu-se novamente na Austrália, onde fundou uma escola de música, que daria mais tarde origem ao Conservatório de Melbourne. Durante a Primeira Guerra Mundial, organizou várias acções de angariação de fundos de auxílio aos Aliados, o que lhe terá valido o título de Dama da Ordem do Império Britânico, como recompensa do seu esforço patriótico. A partir de 1926, inicia uma série de concertos de despedida, actuando pela última vez num concerto de caridade em 1930, em Londres. Subsistem, no entanto, gravações da sua voz, algumas das quais remontam a 1895, mas incidido, sobretudo, entre 1904 e 1926.