A semana passada, mais concretamente no dia 9 de Maio, celebrou-se o “Dia Mundial da Europa” em referência à proposta feita, em 1950, por Robert Schuman, Ministro Francês dos Assuntos Externos, para a criação de uma autoridade comum destinada a regular a indústria do carvão e do aço na Alemanha Ocidental e em França. Foi o primeiro passo para aquilo que mais tarde se viria a chamar União Europeia.
Pessoalmente não acho que o 9 de Maio seja dia de celebração. Não no estado actual em que a Europa se encontra. Acredito antes que o 9 de Maio deva servir para que todos os estados-membros da União Europeia levem a cabo uma profunda reflexão, porque isto como está não é bom e caminha para pior.
Quando Robert Schuman teve a brilhante ideia de lançar a primeira pedra do projecto europeu, estava longe de imaginar que um século depois este seu precioso projecto viria a tornar-se numa réplica quase exacta da União Soviética. A única grande diferença entre o modelo Soviético e o actual Modelo Europeu reside somente no facto de que os Soviéticos impunham a sua presença, ideologia, política económica, burocracia, etc., pela força das armas. Tal, dava-lhes uma representação e respeito internacional que a União Europeia (felizmente) não tem.
Na mesma linha de pensamento, segue o filósofo e ensaísta português Eduardo Lourenço que considera que a União Europeia quis “andar muito depressa” e esse facto “pode estar na origem da crise que [se] atravessa actualmente”.
“Provavelmente quis-se andar muito depressa, provavelmente teria sido mais interessante que os Doze [Estados] se tivessem consolidado como um grande núcleo, com mais organicidade e mais regras de actuação democraticamente aceites”, servindo “de pólo de atracção” a outros países, observa o ensaísta. Mas não foi isso que se fez. Com a queda do muro de Berlim, a Europa ficou à deriva” .
Questionado sobre uma perspectiva optimista para a União Europeia e o modelo que gostaria de ver a funcionar no espaço Europeu, o autor do livro A Europa Desencantada. Para uma mitologia europeia admitiu que a Europa nunca será uns “Estados Unidos” ainda que tenha sido uma “utopia de Victor Hugo no século XIX”.
Em jeito de conclusão, gostaria de levantar somente uma questão muito importante e para a qual não há uma resposta clara e inequívoca: Será que a Europa ainda vai a tempo de se salvar de si própria? É que os Soviéticos “acordaram” tarde para o problema e tudo acabou como sabemos.