Muito se tem ouvido falar desta temática, sem grande consciência, porque, como se diz, só acontece aos outros e, enquanto não sofrermos na pele, não sentimos e não valorizamos. É mesmo assim a vida, não é?
Pois bem, eles, os esquecidos, os cuidadores, estes seres humanos que vivem sem vida, estes seres humanos que amam os outros, tanto que não os deixam ao abandono, sejam filhos, pais, avôs ou irmãos e muitas vezes apenas amigos a quem não se vira as costas. Como o próprio nome indica, os cuidadores cuidam e cuidar é:
“1. tratar de alguém, garantindo o seu bem-estar, segurança, etc.; tomar conta de ·
2. garantir a preservação de algo ·
3. ocupar-se de.”
E acima de tudo amar com muito amor, mesmo que isso custe a sua própria vida a sua sobrevivência enquanto pessoa, porque não tem outra hipóteses a não ser cuidar.
Os cuidadores informais são pessoas que cuidam de outras pessoas em situação de dependência. Os cuidadores podem também ser considerados principais ou não principais.
O cuidador principal é alguém que vive com a pessoa em situação de dependência, que a acompanha e cuida dela de forma permanente, e que não recebe qualquer remuneração por esses cuidados.
Já o cuidador não principal acompanha e cuida de alguém dependente de forma regular, mas não permanente, podendo ou não receber remuneração de atividade profissional ou pelos cuidados que presta à pessoa cuidada.
Logo pela sua definição se antevê todo um conjunto de requisitos e especificidades difíceis de concretizar, que quase não serve a ninguém tão apertado que é este “cerco”.
Senão vejamos, para que possa ser considerado cuidador informal, é necessário reunir todas estas condições:
- Residir legalmente em Portugal
- Ter pelo menos 18 anos
- Ter condições de saúde adequadas aos cuidados a prestar e disponibilidade
- Ser cônjuge ou unido de facto, parente ou afim até ao 4.º grau da linha reta ou da linha colateral da pessoa cuidada (por exemplo, filhos, netos, bisnetos, irmãos, pais, tios, avós, bisavós, tios-avós ou primos)
- Não ser pensionista de invalidez absoluta ou invalidez do regime especial de proteção na invalidez e não receber prestações de dependência.
Porém, não é só, como se fosse pouco ainda há mais:
- Morar na mesma casa da pessoa de quem cuida;
- Prestar cuidados de forma permanente, mesmo que a pessoa cuidada frequente um estabelecimento de ensino (especial ou não) ou respostas sociais de nature-za não residencial;
- Isentar-se de exercer atividade profissional remunerada ou outro tipo de ativi-dade que torne incompatível a prestação de cuidados permanentes;
- Isentar-se de receber prestações de desemprego nem qualquer remuneração pelos cuidados que presta.
Como se isto não bastasse a pessoa que é cuidada também não pode ser “só” tem que vir de arrasto um cem número de requisitos que parece que a legislação foi feita sem ouvir, ver e sentir.
Assim que a pessoa que é cuidada tem de estar dependente de terceiros e a necessitar de cuidados permanentes, tem ainda de receber uma das seguintes prestações sociais: Complemento por dependência de 2.º grau; Complemento por dependência de 1.º grau ou subsídio por assistência de terceira pessoa.
Após um projeto-piloto, o Estatuto do Cuidador Informal funcionou, durante cerca de um ano, num sistema de projetos-piloto, circunscritos a 30 concelhos com a entrada em vigor do Decreto Regulamentar n.º 1/2022, este regime passou a ser aplicado a todo o território nacional.
Dedicada a esta causa há uma Associação muito especial para mim e que nasceu de um Grupo de Cuidadores e ex-cuidadores que se encontraram nas redes sociais, a Associação Nacional de Cuidadores Informais.
“O percurso iniciou-se em 2016, naquele que foi o primeiro encontro de cuidadores informais, que teve lugar em Lisboa e do qual foi lançada a petição pela Criação do Estatuto do Cuidador Informal (…). a Panóplia de Heróis – Associação Nacional de Cuidadores Informais (PH-ANCI), é fruto da luta de muitos cuidadores informais, unidos por uma causa: a dignificação do Cuidador Informal.”
Esta associação entrou na minha vida de uma forma muito marcante e especial, porque fui um deles – os que cuida, e porque na minha vida houve um deles – os que são cuidados.
Por muito que tentemos explicar a quem não lhe dói, o que é esta dor de cuidar e ser cuidado, parece uma luta inglória, mas, como sou das que nunca desisto, qualquer pessoa singular ou colectiva pode tornar-se associado, mediante o pagamento de uma quota anual no valor de 12€ e de uma joia inicial no valor de 3€, através deste site.
Podem também, comprar o livro Decidi Viver no dia que soube que ias Morrer, cujos direitos de autor revertem na totalidade para esta Associação, por isso podem ser uma das 36 pessoas que falta na compra deste livro para que a editora entregue as receitas a esta Associação, que tanto precisa de verbas, recursos, e amor?
Amor, esse não falta só quem cuida sem limites e até a exaustão consegue compreender, que enquanto não és um deles, possas ajudar , cuida sem precisar!