We’d like to be able to control everything but in reality we have very little control.
– Alain
Este filme conta a história de um homem e mulher que andaram na faculdade juntos e que se reencontram passados muitos anos. Este reencontro acaba por levar à infidelidade e ao crime.
Um ótimo filme de Woody Allen que é disruptivo com o cinema de hoje em dia, trazendo a nostalgia e charme de outrora com a técnica de cinematografia dos dias de hoje.
Começamos logo de forma muito casual com o reencontro de Alain (Niels Schneider) e Fanny (Lou de Laâge), dois colegas da faculdade que se conheciam mas sem muita proximidade, o que rapidamente nos faz lembrar que todos temos ligações e recordações semelhantes a esta.
A química dos dois é instantânea e coloca-nos a torcer pelo casal. O filme segue de uma forma muito natural a partir daqui e faz-nos viajar numa experiência muito agradável que alterna entre a comédia negra e o romance.
O facto de o filme ser falado em francês apanhou-me completamente de surpresa e foi uma surpresa muito agradável. A língua francesa remete para um sentimento de romance e de melancolia o que casou muito bem com a narrativa que nos é contada.
O filme empresta todos os maneirismos de um filme do Woody Allen, com coisas extraordinárias a acontecerem a pessoas ordinárias, mas com isto vem a grande lacuna do filme: a história. Ela é só razoável e acabamos por gostar mais da execução das cenas do que propriamente da direção da história em si.
Resumindo, é uma experiência que aconselho a todos com um ambiente romântico, nostálgico, charmoso e uma comédia negra muito bem doseada e cenários cinematográficos lindos, que falha em ter uma história coesa e cativante, embora tenha um final que deixará o mais cético espectador surpreendido.
* CUIDADO COM SPOILERS *
Falando um pouco da história em si, percebemos desde inicio que, apesar do reencontro de Alain com Fanny, que esta é casada e que o marido é possessivo.
O filme passa entretanto de um romance para uma comédia negra quando Jean, o marido de Fanny, encomenda a morte de Alain. Gostei imenso deste twist de tirar uma das personagens principais bem cedo no filme e ao mesmo tempo de garantir reviravoltas genuínas e imprevisíveis.
A mãe de Fanny, interpretada pela talentosa Valérie Lemercier, parece a principio uma personagem totalmente dispensável tem uma evolução muito significativa e acabou mesmo por ser a minha personagem favorita.
A banda sonora é algo monótona mas ao mesmo tempo traz os diferentes tons do filme para um mesmo lugar. O meu aspeto preferido foi mesmo a cinematografia com cores super vivas que cativam o olhar do espectador a qualquer momento.
O final tem um twist humoristicamente genial quando pensamos que Jean (Melvil Poupad) vai “caçar” a sua presa, e acaba ele mesmo por ser o caçado, e isto é nos ilustrado de uma forma que vai garantir gargalhadas na sala do cinema.