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Connery, Sean Connery

Estamos de luto. O agente secreto mais famoso do mundo deixou de existir. O primeiro, de uma lista já grande, o que foi mais temerário e destemido, cheio de charme e educação, partiu de vez e já não pode servir sua majestade. O homem que era conhecido por três números, 007, que fazia suspirar a Miss Moneypenny e que levou o mundo a seguir as suas aventuras, descansa agora dos momentos altos que viveu.

Sean Connery foi o homem que lhe deu forma e que o eternizou. Um sorriso bem enigmático que cativava os corações femininos e que suscitava alguma inveja nos que não o conseguiam igualar. Era único. Uma criação de Ian Fleming que passou para a realidade, ganhou vida e tornou-se uma estrela.

Sean, de segundo nome, Connery, de apelido, teve um início de vida pouco brilhante e na sua Escócia natal fez pela vida e tornou-se leiteiro. Mais tarde segue rumo à marinha e a sua vida dá voltas, literais e metafóricas. O seu corpo não passava despercebido e é convidado para ser modelo vivo. Um concurso, “Mister Universo”, prova-lhe que pode ir mais longe do que ser um corpo e a sua carreira no teatro e cinema alinha-se com os planetas certos.

Entre ser nadador salvador e camionista, este homem fez de tudo sem medos, que a vida é madrasta. No entanto a educação e os bons modos nunca ficaram esquecidos.  Acumula conhecimentos que, mais tarde, serão perfeitos para serem aplicados. Um agente secreto é um homem de carne e osso mesmo que as suas façanhas sejam um pouco duvidosas.

Difícil será escolher o filme que mais possa ter tocado quem o viu no écran. O homem que queria ser rei junta-o a Michael Cain e deixa uma marca sólida de talento. Desempenhou tantos papéis e tão díspares que é impossível que os ódios ou os amores de estimação se possam dissipar. Ele foi isso tudo e muito mais, um homem com voz que se ouvia de forma perfeita.

“Os Intocáveis” lança-o na ribalta, com um elenco de luxo e onde consegue um prémio pela sua interpretação. As portas estavam abertas e era preciso aproveitar. Viajou num comboio que percorria vários países e o seu porte não passou despercebido a Poirot, em “O Crime no Expresso do Oriente”. Sempre um perfeito cavalheiro.

“Highlander” recebe a sua visita e está em casa. As Terras Altas são a sua origem, o seu ninho onde regressa sempre que pode. É mestre de armas e de vivências. “Caça ao Outubro Vermelho” lança outro repto que é logo aceite. E que dizer de A Casa da Rússia? Sabe prender o espetador sem qualquer tipo de esforço.

“Indiana Jones e a Última Cruzada” é mais um filme da série que recuperou as aventuras possíveis de heróis sem poderes especiais a não ser a inteligência. Ele fez o papel de pai do homem que desbravava caminhos e que recolhia o que era preciso.

“O Nome de Rosa” pega-nos na mão e transporta-nos para a Idade Média, para um ambiente estranho e bizarro onde as personagens são todas peculiares e a sua função será dificultada. A sua perspicácia e inteligência levam a melhor. Uma viagem a tempos que agora soam a familiares, de obscurantismo e muita crendice.

Contudo, não foi apenas na sétima arte que este homem soube brilhar. O apelo da política foi ouvido e não se escudou de ser mais ativo na vida da sua terra. É deste modo que se torna representante do Partido Nacional Escocês, sendo uma voz que se ouvia com regularidade. As suas contribuições pecuniárias, bem expressivas, foram um grande auxílio à causa defendida.

O golfe foi outro apelo que não lhe passou despercebido e ss elevou a uma enorme paixão. Excelente jogador, ganhou vários prémios e durante cerca de vinte anos foi dono dum local onde este desporto era acarinhado. Era sua intenção transformá-lo numa espécie de santuário, mas o rumo da vida mudou-lhe os planos.

No dia 5 de Julho de 2020, foi agraciado com o título de Sir, uma honra que é concedida pela rainha e que já havido sido decidido, mas adiado por uma certa incompatibilidade, anteriormente. Talvez o facto de ter dito, no parlamento, sem qualquer subterfúgio que “o homem deve estar à frente das mulheres”, tenha impedido de ter sido condecorado mais cedo.

A sua vida amorosa foi muito preenchida, tal como o agente que representou. Não seria tão fantasiosa, mas foi extensa e conturbada, como convém a um ser humano que está repleto de qualidades e de defeitos. O que nos importa será a sua imagem de ator que se eternizou. O seu magnetismo não facilitava estas relações que terminavam de forma tempestiva.

O facto de ter sido acusado de violência doméstica, que ele não contestou, mostra que era um homem de convicções fortes, o que nem sempre abonava a seu favor. Os ídolos também têm pés de barro e por isso se tornam humanos quando são descobertos. Ninguém é perfeito, como se sabe.

Viveu noventa anos. Quase um número perfeito sem raiz quadrada inteira. Uma vida em que a rotina não o pode ter incomodado. Estava fora da sua terra, o que o desgostava. Consta que entrou em demência. Perdeu-se. Dormiu e já não acordou. A morte perfeita, tão com os papéis que desempenhou na sua vida. Todos menos um, o da sua verdadeira existência.

Vamos ter saudades da sua voz e da sua figura que enchia a vida dos que o viam como um ser multifacetado e profissional. Fica a obra, o seu legado que o eterniza e nos dará algum consolo, quando sentirmos que as lágrimas que se soltam são de alegria e não de tristeza que essa, uma inútil desnecessária, pode ir morrer longe.

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