Como estás? Ocupado?

Será que vivemos assim tão ocupados? Serão responsabilidades e pressões que aceitamos voluntariamente? Isso o que nos faz enquanto pessoas e cidadãos? 

Podemos pensar que a culpa é da sociedade, realmente podemos. A sociedade pede movimento, todos os dias mais um pouco, mas calma… parece que eu sou a sociedade, tu és a sociedade, nós podemos mandar, podemos mudar. Contudo, nós não mudamos. Porquê?

A correria para muitos começa cedo: Miúdos, pequeno-almoço, trânsito, estaciona no caos perto da escola, trabalho, muito trabalho, sai a correr, transito, buscar os miúdos na escola, actividades extracurriculares, casa igual a trabalhos de casa, banho, jantar, hora da cama! Puff! O dia voou! Mais um dia passou, e um outro. Só falta um dia para o fim-de-semana. Ou já passaram a correr 4 dias de vida? 

Vivemos rodeados desta “ocupação” a que nos propomos, que esquecemos que os ponteiros não param. E vejamos como desde tão cedo ocupamos, planeamos todos os minutos do dia dos nossos filhos! Dá tempo para tudo! A explicação de Matemática é fundamental! A natação é um desporto muito importante! A ginástica é saudável! Nem pensar não estudar hoje! 

Diariamente, não nos conseguimos dar conta disto, simplesmente porque não temos tempo para pensar. Estamos ocupados, ocupamos os nossos filhos, estipulamos regras não negociáveis e o tempo passa! 

Educamos assim para a loucura, para a “ocupação” constante. Não fomos educados assim, mas educamos assim. 

Será que estamos acorrentados a isto voluntariamente? Será que são correntes? 

Existe aquela ocupação rotineira, aquela que tem que ser feita, mas existem por aí pessoas que acredito terem um “bicho qualquer carpinteiro” que não as deixa ficar OFF. Aquelas que procuram movimento o tempo todo, que até conseguem fazer tudo, mas é que o fazem mesmo! Acho que sou uma delas! Tem dias que é urgente mais uma horita ao dia, tem dias que me atrapalho e todos nós sabemos que por vezes tenho assim um certo problema com pontualidade, pequenos pormenores. 

É uma loucura alucinante, não sei definir se perigosa ou não, só sei que poucas vezes pensei que poderia ter feito e não fiz, porque sempre o fiz! Bem ou mal fi-lo.

Esta ocupação considero-a até saudável, é esta que te obriga a mexer de um lado para o outro, que te dá o prazer de ocupares o pensamento com o outro, que te deixa despender tempo para o próximo, que te enche em qualidade, em sentimento, que te faz perceber que sempre é possível se quisermos, basta que mudemos a resposta: “como estás!? – Ocupado, mas com muito tempo para ti! 

É sim fundamental que em cada coisa a que nos propomos fazer estejamos verdadeiramente ocupados nisso, empenhados, concentrados, mas mais importante ainda é que toda essa ocupação venha cheiinha de tempo para o que faz bem ao coração. E que sejam cada vez menos os “devia ter feito”!

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