Hoje é dia de escrever. Hoje é dia de descansar. Hoje é dia de contar aos parceiros de conversa, tantos e tão poucos, como o foi o fim-de-semana. Dias diferentes, lugares comuns onde o quotidiano é reduzido a cinzas. Para nós, jovens em idade de descanso, o fim-de-semana também é valioso. Que não seja apenas pela finada rotina, embora seja bem aceite. Que não seja pelo regresso da bola, da disputa clubística, pela azáfama televisiva. Não. Também que não seja pelo regresso dos nossos, dos fragmentos do nosso eu, das peças douradas da nossa obra. (Não, esses não, o regresso não pode ser palavra usada neles – vamos ser para sempre eles, sempre perto da partida e chegada). Não.
Que seja, sim, pela novidade. Não ansiamos só as curtas horas de sábado e domingo, não desejamos apenas um almoço sem pressa ou um jantar de convívio, não pensamos na abertura da adega ou da mesa tão sozinha no terraço. Queremos tudo isso e mais, sim, mas não apenas. Queremos mudar e fazer de forma distinta, queremos chegar à noite de domingo e sentir saudade, queremos uma manhã de segunda com novidades, no café, no shopping, no parque, num banco livre da praça. Queremos a alegria das novas palavras, a alegria do olhar, nosso e alheio, queremos ousar o céu e exagerar, aprender mais e sempre, sempre duvidar. Queremos aproveitar o descanso obrigatório de forma diferente, porque merecemos. Queremos a novidade fora de rotina, ouvir e ser ouvidos, notar e ser notados. Queremos continuar a deixar marca, a viver, não só ajudar.
Queremos romper com o quotidiano, aproveitar a dança nas estrelas do céu distante. Não queremos ver, apenas, o sol e a chuva. Queremos fazer parte do tempo, ainda que seja a seu tempo.