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Brites de Almeida

Era uma mulher com estilo de homem o que para a época seria repulsivo. Nascida em Faro, de família muito pobre, foi criada quase sozinha e como andava sempre metida em brigas e contendas, aprendeu a manejar as armas com desenvoltura. Consta que era assídua em contendas que envolvia figuras graúdas da nobreza nacional e expressava a sua opinião sem pudor. Digamos que, para um pobre, armas seriam a espada rudimentar e o pau que ela sabia usar com mestria. Gerou um mito à sua volta e o medo era o seu aliado. No entanto, sempre houve gente que soube desafiar o destino e, como tal, um soldado quis casar com ela. Sendo orgulhosa e determinada desafiou-o para uma luta tendo saído vencedora e assim sendo o casamento já não se realizou. Assim sendo a sua vida foi ameaçada e teve de fugir para Castela. No entanto, acabou por ser capturada e vendida como escrava.

Não se dando como vencida arranjou maneira, com a ajuda de outros escravos, de escapar. Apanhada por uma tempestade veio a aportar na praia da Ericeira, onde tinha a cabeça a prémio. Ora mulher ferida no orgulho é mulher de muitas armas. Cortou o cabelo e passou a viver como se fosse um almocreve. Passando por homem nunca levantou suspeitas da sua condição até era dotada com uma abundante pilosidade que fazia jus ao disfarce. Ao fim duns anos cansou-se do embuste a aceitou o cargo de padeira, em Aljubarrota, onde encontrou um homem pacífico e trabalhou com quem se casou.

No dia 14 de Agosto de 1385, deu-se uma batalha entre os Portugueses e os Castelhanos. Ataviou-se como foi possível e lutou ao lado dos seus da melhor maneira que conseguiu. Quando chegou a casa ouviu uns ruídos estranhos e sentiu que não estava só. Como quem não queria a coisa percebeu que eram sete castelhanos que se escondiam junto ao forno do pão. Não perdeu tempo e pegou na pá fazendo dela uma arma mortal. Foram os sete eliminados suma assentada. Onde é que já se viu entrarem na sua casa sem não terem sido convidados? Ora tomem lá a paga pelo desplante!

Filha de taberneiros, demasiado ossuda para mulher, de cabelos crespos e desgovernados e com aspecto pouco atractivo, estaria destinada a uma vida pouco charmosa, ou seja, um trabalho que nunca seria visto, mas apenas feito. O facto de ter seis dedos em cada mão foi, para os seus pais, um sinal de futuro muito brilhante. Contudo tudo o que eles pensaram nunca se chegou a concretizar pois morreram quando ela era ainda bem jovem e ela teve que se fazer à vida como foi possível.

Segundo a lenda, terá cozido os homens, juntamente com o pão e o chouriço, e feito um banquete de seguida. Após o mesmo reuniu uma milícia feminina que perseguia inimigos aniquilando-os sem dó nem piedade. Por esse mesmo motivo é recordada como a Valente Padeira de Aljubarrota e tem direito a feriado municipal no dia 14 de Agosto.

A História narra os feitos dos homens e das marcas que se registam em anais, mas raramente conta os detalhes que levam a que tal seja conseguido. As mulheres foram as guerreiras esquecidas, as lutadoras que nunca permitiram que as lutas fossem paradas por dá cá aquela palha. Com o seu engenho e arte rascunhavam e delineavam artimanhas que levavam às vitórias decisivas e finais de todos os capítulos gerais.

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