Bombshell: O Escândalo (2019) – Crítica

It says you’re too sexy to be smart, but not smart enough to be sexy.

– Lily

Este filme conta a história de três mulheres que se vêm envolvidas num escândalo quando decidem denunciar casos de assédio sexual no mundo das notícias, durante uma candidatura à presidência de Donald Trump.

Este filme é um caos na forma como é contado e acho que embora seja contado assim, de forma deliberada, não consegue surtir o efeito que pretende. O filme parece não ter uma linha narrativa coesa e parece saltar de premissa em premissa ,sem um fio condutor, o que prejudica toda a experiência.

Charlize Theron, Nicole Kidman e Margot Robbie são três atrizes que conseguem aliar beleza e talento como poucas conseguem, e a prova disso é que duas delas já venceram o Oscar de Melhor Atriz, e Margot Robbie foi já nomeada por duas vezes (incluindo para este papel). As três fazem um ótimo trabalho e são sem dúvida a melhor parte do filme! Mas, infelizmente, boas atuações “sozinhas” não conseguem salvar e justificar um filme no seu todo.

O filme parece estar constantemente a acusar-se a si próprio de ser feminista, quase que como uma “defesa” que querem criar para que ninguém consiga criticar esse aspeto da história, o que se torna cansativo. O mais frustrante de tudo é como um filme destes, que conta uma situação tão importante e real nos dias de hoje, é medíocre e acaba por se perder na mensagem que quer passar.

Não o recomendo pela forma como é dirigido e a forma atrapalhada como conta a sua história. Um filme vazio com uma mensagem importantíssima que não consegue ser transmitida.

* CUIDADO COM SPOILERS *

O filme começa por mostrar uma narração breve da personagem de Megan Kelly, interpretada por Charlize Theron,  explicando o mundo das notícias e como as mulheres são menosprezadas por todos, até pelo atual candidato a presidente, Donald Trump. Depois, vemos a personagem de Margot Robbie cometer um erro como editora . Logo de seguida, vemos Gretchen Carlson (Nicole Kidman) a ser elogiada por vários homens e a fazer uma queixa oficial de assédio sexual, o que é, no fundo, a alavanca do filme para que depois tudo o resto se desenrole.

Só estes 20 minutos iniciais são super confusos e desfocados. Não existe nenhuma linha de raciocínio, parecem quase vários sketch’s colocados juntos sem razão nem sentido.  O filme a partir daí torna-se uma série de cenas de mulheres a serem assediadas ou pressionadas. A história, em si, não tem qualquer “sumo”, nem um propósito claro.

John Lithgow interpreta Roger Alies, o fundador da Fox News e a principal cara deste assédio. A atuação, mais uma vez, é boa e este ator é o único que consegue criar uma cena de tensão real, numa dinâmica super desconfortável que tem com Margot Robbie. Se o filme tivesse um objetivo mais claro com este tipo de cenas talvez tivesse sido melhor.

Assim sendo, é um filme vazio, auto-acusador de feminismo como proteção, e em que a execução é tão pobre que perde a mensagem que quer passar.

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