Being The Ricardos (2021) – Crítica

I get paid a fortune to do exactly what I love doing. I work side by side with my husband, who’s genuinely impressed by me. And all I have to do to keep it is kill every week for thirty-six weeks in a row. And then do it again the next year.

– Lucille

Este filme conta a história de Lucille Ball (Nicole Kidman) e Desi Arnaz (Javier Bardem) , duas estrelas de uma das maiores sitcoms americanas, que lutam para manter o sucesso do seu programa em paralelo com uma luta para manter o seu casamento.

Um bom filme, que mostra os bastidores de uma série de comédia de uma forma imensamente dramática. Eu apreciei bastante esta película, não estava a espera de nada em concreto a não ser de boas atuações e encontrei mais que isso.

Nicole Kidman e Javier Bardem fazem um ótimo trabalho a reencarnar estas duas estrelas dos anos 50, ainda que pareçam um pouco mais velhos do que o papel pede. O filme lida em grande parte com o domínio que os dois tinham sobre a própria série “I Love Lucy” (1951-1957), que, embora tivesse diretores oficiais, era maioritariamente gerida pelo próprio casal de protagonistas. Quem viu excertos/episódios da série será mais impactado por esta obra, mas resulta mesmo que estivéssemos a falar de uma série que nunca tivesse existido e resultará para quem nunca a viu também.

Resumidamente, acho que é uma boa peça de entretenimento pela forma cética, fria e dramática como consegue transmitir os bastidores de uma das série de comédia mais icónicas de sempre nos Estados Unidos da América, com boas atuações e um ótimo conceito que é competentemente executado.

* CUIDADO COM SPOILERS *

O filme centraliza muito bem a série, conseguindo colocar a relação de Desi e Lucille como a coluna vertebral de toda a história. Uma das temáticas que pareceram um pouco “forçadas” foram as relações comunistas de Lucille que supostamente a colocariam numa posição delicada, mas isso nunca parece ser um tema real do filme.

Os mecanismos usados de forma constantes são a forma como Lucy tinha ideias e imaginava a série, na forma como lhe eram apresentadas e questionava, propunha e até exigia diferentes perspetivas para conseguir o melhor resultado de cada história, mostrando a sua inteligência cómica através das famosas “table reads” que ocupam , ainda, uma parte significativa da história.

Realçar também o trabalho de J.K. Simmons como uma das personagens secundárias da série que funciona como um compasso emocional, não só para Lucille mas para os outros atores da série.

A banda sonora resulta muito bem e embala os diferentes momentos do filme com muita qualidade, principalmente utilizando o lado “latino” da personagem de Desi, assim como a bela voz de Javier Bardem.

O final resultou para mim, pois conseguiu “embrulhar” duas premissas que foram preparadas muito bem durante todo o filme. Por um lado, desde início que se cria a notícia que Desi traiu Lucille e isto é desconsiderado logo por provas irrefutáveis de que a notícia é falsa mas esporadicamente volta a ser tema; por outro lado existe uma cena em específico que Lucille quer mudar por questionar a credibilidade do que está escrito e o potencial de humor que deve ser injetado. O filme consegue no final criar uma resolução para as duas temáticas e foi, especialmente,  bom ver a cena ensaiada durante todo o filme (com várias interrupções) a ser representada nos minutos finais de forma contínua e percebermos um pouco do que envolve a criação de cada cena numa série de comédia e o trabalho “serio” que está por trás de tudo.

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