Barulho

“O bem não faz barulho e o barulho não faz bem”.

Li esta frase de São Francisco de Sales (1567-1622) e, qual epifania, surgiu-me a ideia que esta frase criada num contexto religioso tem todo um sentido laico, que não deve ser ignorado.

Assim, o “Bem” que podemos identificar como a generosidade, a empatia, a bondade, a partilha, o amor, não deve ser autopromovido, ou seja, não deve servir para autopromoção de ninguém. E aí deve de imperar o silêncio/sigilo.

“Quando a mão direita dá, a esquerda não precisa saber”.

Não existe qualquer valor, quando somos generosos com alguém “em troca de algo”, seja o que for, pois o verdadeiro valor está na genuinidade da ação. Isso, sim, é ético, puro.

Já o “Barulho” podemos interpretá-lo como o ruído da maldade, seja o boato, a injúria, a violência ou o ódio que por aí circula e se faz ouvir para desestabilizar, criar atritos e confusões.

“Dividir para reinar” e ” O boato é inimigo do povo” são adágios que corroboram esta interpretação herética que, afinal, não está assim tão longe da Cristã.

Durante a nossa vida, somos confrontados com citações e ditados populares que, à primeira vista, parecem ideias soltas, mas que carregam em si o resumo de algo importante que deve ser motivo de reflexão e, consequentemente, de novas aprendizagens ou consolidação de outras.

Eu gosto de cogitar sobre frases que encerram em si a base dos principais segredos da vida, dos segredos que estão fechados num cofre de cristal transparente e facilmente transponível.

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