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As pessoas dos sorrisos gratuitos

Existem aqueles sorrisos onde nos apetece ficar. Sorrisos que nos acolhem, abraçam e envolvem, vindos sempre de pessoas aleatórias e em lugares inusitados, envolventes e inesperados.

São muitas vezes esses sorrisos em graciosa gratuidade, que nos devolvem algum calor ao dia, vindos nem sabemos bem de onde, que nos lembram que ainda existe uma certa candura quando necessária. Muitas vezes mais necessária do que a pessoa que nos cumprimenta, em presença, pode verdadeiramente imaginar.

As pessoas dos sorrisos gratuitos são verdadeiros super heróis. Heróis e heroínas incógnitos, preenchidas de atrevimentos, porque os sorrisos dados em desbarato nem sempre trazem outros sorrisos de volta e requerem coragem por parte de quem os distribui.

São muitos os estranhos que passam na rua. Carregados de correria, profundas decepções e movimentos confusos, alheios à existência que os envolve, sempre longe da realidade e do chão que pisam, da força da gravidade que os puxa para baixo e os poderia obrigar a olharem os seus próprios fantasmas.

As pessoas dos sorrisos gratuitos têm essa enorme e grandiosa capacidade. Um dom, quase me atreveria a afirmar. O dom de nos devolver em animosidade aquilo que nos encaminha à morte em vida.

Existe, no entanto, um detalhe que é devido de tomar nota. Quem recebe o sorriso gratuito não raro, se o dá de volta só em condições de afecto e desinteresse mútuo, tem dentro de si uma belicosa capacidade de entrega. De amar. De se amar a si e aos outros. Mesmo que ainda não o reconheça.

Quem devolve o sorriso em graça e de graça, guarda ainda dentro de si, uma genuína sinceridade que não pode provir de outra fonte que não seja a entrega.

A verdadeira entrega é rara nos nossos dias como os sorrisos verdadeiros e reais. Temos medo da entrega porque com ela vem uma falsa sensação. A ilusão de que tudo perdemos, que perdemos o nosso poder. Na realidade, quando os verdadeiros super-heróis se entregam, ganham-se. E nesses ganhos, apesar dos custos, existe a pureza do tudo.

Na realidade da entrega há a certeza do risco. Os riscos trazem-nos medos e sobretudo incertezas. Na incógnita de nos entregarmos ou não, há apenas uma questão a fazer: prefiro viver na certeza do chão que piso ou prefiro ser o super herói que se entrega e voa?

Quando escolhemos o voo, a maior das entregas, surprendemo-nos a nós próprios muitas vezes em sorrisos. Aos estranhos que passam por nós na rua ou se encontram na mesma fila da padaria. Olharemos para eles e pensaremos que talvez o nosso maior acto daquele dia seja apenas sorrir. Só porque sim. E porque não? Em pleno voo descobrimos que a firmeza do chão, tão preciosa quanto as asas que voam, traz a estabilidade que tanto precisávamos antes mesmo do atrevimento de querermos voar.

Quase aposto que, quando o fizermos, sem mais nem porquês, vamos sentir nas nossas costas uma poderosa e enorme capa.

 

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