A série “Anatomia de Grey” dispensa apresentações, afinal já tem uma longevidade de onze anos na televisão. Criada por Shonda Rhimes, temos Meredith Grey (Ellen Pompeo) no epicentro da história, uma aspirante a médica que pretende deixar a sombra da mãe e conseguir sua própria marca no mundo da medicina. Este drama foca-se na vida pessoal e profissional de cada uma das personagens, tendo como ambiente de fundo o hospital Seattle Grace. Mas após doze temporadas o que torna Anatomia de Grey uma série ainda apetecível de ver?
Shonda Rhimes fez uma jogada muito arriscada, quando decidiu “matar” o protagonista Derek Sheperd da série, como podem ler aqui. A morte do McDreamy foi um movimento tão arrojado, que já não consigo acreditar na continuação eficaz da história. “Anatomia de Grey” sempre foi o meu “guilty pleasure”, pois tanto me fazia chorar e rir no mesmo episódio. Proeza difícil de alcançar na televisão. Mantive-me fiel a todos os desastres, dramas, segredos e confissões de todas as personagens. Mas agora, a vontade de ver a série tem sido escassa. As melhores personagens vão desparecendo, primeiro o George, depois a Izzy, o Sloan, a Christina e agora o Derek. Do cast original apenas se mantém firmes Meredith, Alex, Bailey e Webber. Contudo vão sempre aparecendo novas personagens, mas sinto que a essência principal está a desvanecer da série.
Após longos meses da morte de Derek, conhecemos uma Meredith diferente. Completamente dedicada à família, após um ano afastada da sua carreira profissional. Mudou de casa, onde vive com os dois filhos, a sua cunhada, Amelia Sheperd e a sua meia-irmã, Maggie Pierce. As improváveis melhores amigas. Sobre as outras personagens, percebemos que Callie e Arizona estão finalmente a recompor-se após a separação. Callie vive momentos de felicidade, começou a namorar com Penny uma nova médica em Seattle Grace. Mas esse equilíbrio é quebrado quando descobre-se que Penny esteve presente quando Derek morreu. Mesmo com esta situação, Meredith reage de forma natural, apesar de muito difícil ao início. Ao contrário de Amelia que não consegue esconder os seus sentimentos, e vai contra a estádia de Penny no hospital. Quanto a Miranda Bailey não podia estar mais realizada a nível profissional, finalmente conseguiu ser chefe de cirurgia. Apenas April e Jackson que começaram com o pé errado esta temporada. Após um tempo fora, em zona de guerra, April começa a perder o contacto com Jackson. O casamento de ambos está por um fio. Situação que ambos pretendem resolver, mas como qualquer outra relação, torna-se complicado. Owen Hunt tem estado um pouco “apagado” esta temporada, a personagem ora está em clima de romance com Amelia, ora já não. No entanto, no final do episódio mid-season, uma nova personagem chegou para assombrar a sua vida. Riggs um novo médico, tem um passado com Owen, do qual ainda não foi revelado. Depois de uma enorme disputa de Owen com Riggs, Meredith vai acalmar o amigo, perguntando-lhe “I didn’t know you had a sister“. Com esta afirmação podemos perceber que provavelmente Riggs seria cunhado de Owen, e provavelmente por qualquer motivo ajudou-a a morrer ou teve uma separação complicada. Dúvidas ainda por explicar, que apenas serão respondidas no dia 11 de Fevereiro de 2016, no episódio intitulado de “The Sound of Silence“.
“Anatomia de Grey” surgiu como uma série dramática, sobre uma mulher que vivia não num mundo a preto e branco, mas cinzento. Afinal essa é a realidade. A vida é complicada, com situações difíceis de gerir e momentos em que parece que tudo vai desabar. Porém, a vida também é feita de momentos bons. Daí o nome da protagonista, Grey, que traduzindo significa Cinzento. Para esta nova temporada, os produtores previam uma Meredith mais animada, mais livre e dedicada principalmente aos filhos. Sem a “sua pessoa”, Christina e sem a sua alma-gémea, Derek, esta seria uma Meredith diferente. Até ao momento ainda vi esses traços na protagonista, que agora já não tem momentos de destaque como anteriormente. Tanto o primeiro episódio, como o episódio da mid-season não trouxeram nada de novo. Admito que esperava mais, mesmo após oito episódios, afinal esta série sempre conseguiu inovar durante estes anos.