Saímos de uma pandemia, onde todos tivemos de ficar em casa e tivemos de andar o menos possível na rua. A vida social foi anulada, quase sendo feita só online, sim porque conheço alguém que furou o desconfinamento só para passar um bom momento. E escusado será dizer que fiquei muito contente por ela e até com uma pontinha de inveja. Chiça, como ela foi audaz! Desafiar a “lei” para ter o seu momento… e que nas suas próprias palavras “Estava mesmo a precisar, já estava a ficar maluca!”
Quantos de nós tiveram vontade de fazer o mesmo ou até o fizeram?
Se no primeiro confinamento, a coisa até foi calma, pois a malta precisava parar, no segundo já foi saturante. Um verdadeiro desafio à sanidade mental!
A falta de socialização fez com que as aplicações de encontros ganhassem novos usuários e até o Facebook aderiu à moda. Mas terá sido uma moda só na pandemia ou algo que veio para ficar? Será que se começou a aceitar melhor essa escolha de cada um ou continua-se a rotular? Continuam as mulheres a ser chamadas de putas?
Confesso que ainda não cheguei a uma conclusão, mas conheço cada vez mais mulheres que usam essas aplicações e que falam delas sem vergonha. Trocam-se dicas, riem-se dos “camafeus” e até põem os corações umas pelas outras.
Homens também, mas o homem que use essas aplicações, será sempre poupado ao eterno rol conservador de críticas das senhoras de bem da nossa sociedade, que tão bem sabemos que de certinhas não têm nada e quiçá não andarão por lá também…
Portanto falo das outras, as que são independentes, que não precisam de fazer mi-mi-mi’s para que sintam pena delas, das que não são coitadinhas e indefesas, ou seja, daquelas que não precisam de um homem para as sustentar, mas que apenas procuram um companheiro, alguém com quem partilhar o tempo e até quem sabe, a vida.
Acredito que para se andar por lá se deve ter uma boa bagagem emocional, pois acontecem situações que podem magoar imenso a nossa autoestima. Portanto protejam-na, o mais possível, para que o que deveria ser um momento de diversão e entusiasmo não passe a crises de choro e constantes perguntas sobre o porquê. Porque como existem homens que são honestos e claros, também existem os mentirosos e manipuladores. O que para mulheres solitárias e carentes pode ter um efeito devastador.
O que esperar destas aplicações? O amor verdadeiro ou simplesmente sexo?
Conheço casais que tiveram sucesso e agradecem ao Tinder se terem encontrado. Os que encontraram alguém apenas para se satisfazer sexualmente ou os que em vez de se envolverem, preferiram manter uma amizade.
Contudo, infelizmente, conheço mais os que apenas se desiludiram… Contactos mantidos durante meses e do nada desaparecem sem qualquer justificação, os que aquando do conhecimento cara a cara, a química que outrora existira nas mensagens, desaparecera por completo, ou porque simplesmente a mentira foi o que mais predominou nas conversas e quando a vida real acontece, tudo cai por terra, tudo foi falso.
E conheço os que se vão descobrindo, conhecendo, sem expectativas. Mas que cedo se apercebem que afinal de contas, o que no início parecia uma amizade engraçada e diferente, passa a ser uma agradável surpresa. Um entendimento e uma conexão que vai muito para além do sexo. Arrisco-me a dizer um encontro de almas.
Desde que tudo seja feito honestamente e claro para que ambas as partes saibam em que terreno estão a pisar, o resto é deixar fluir e esperar o melhor para os dois.
Se vem o amor para a vida, a paixão ou simplesmente uma amizade, deixem correr. Vivam e desfrutem, porque a sorte bateu-vos à porta. Poucos são, os que nessas aplicações encontram o par “perfeito” ou a alma gémea. Aventurem-se, mas sem nunca esquecer… sem expectativas… O que será, será…
E protejam-se sempre!!