Escolher o lado positivo do caminho da vida, por vezes, é um percurso trabalhoso. Pois implica foco para encontrar flores nas imperfeições da estrada, força para desbravar atalhos que se abrem para a luz e competência para transformar a acidez dos limões que apanhamos em doçura.
Embora o lado negativo das coisas possa parecer mais cómodo, porque normalmente é o que nos salta mais à vista, a verdade é que ver o lado positivo é o que torna a vida mais desafiante, sedutora e num caminho inacabado de surpresas e descobertas.
Há uma tendência para dar um tom cinzento ao que nos rodeia. Parece ser da natureza humana atribuir maior importância ao lado negativo das coisas, insistindo no que de mau elas têm, desvalorizando os seus aspectos positivos e mais-valias. Basta vermos as redes sociais e a comunicação social… há uma certa inclinação para o deprimente, para a desgraça, para as intrigas e para os aspectos mais dramáticos do quotidiano. Normalmente, quando há desgraças paramos para as ver e comentar. Quando lemos um texto mais triste lemo-lo sem parar. A lagrimazinha é quase sempre presença constante. É a nossa natureza. As alegrias parecem não trazer satisfação nem ser motivo de desenvolvimentos, contrariamente às tristezas que dão sempre pano para manga.
Por isso, um dos grandes desafios da vida é pegar nos limões amargos que nos vão aparecendo pelo caminho e com eles fazer limonada e criar novos temperos. Para mim, é aqui que reside a nossa competência, que é como quem diz: criatividade para ser feliz. Competência para transformar acidez em doçura. Competência para contagiar os outros em alegria e optimismo. Competência para gerar boa energia. Dá trabalho, mas dá mais trabalho ser infeliz. Até porque cada um de nós, de uma forma ou de outra, conhece o sabor da tristeza. E também sabe que alimentá-la consome-nos e encolhe-nos, por dentro e por fora; adoece-nos; apaga-nos a luz e impede-nos de ver os dias com clareza; tolda-nos as vistas para admirarmos as flores do nosso caminho. Por isso, se cada um de nós puser em prática a sua criatividade para fazer limonada e distribuí-la por quem o rodeia, tenho a certeza que o mundo será um lugar com pessoas mais sorridentes e felizes. A felicidade gera felicidade, mas o contrário também…
Como eu gostava de ver mais títulos felizes nas crónicas dos nossos dias. Também gostava que os telejornais abrissem com casos de sucesso e de alegria, até porque eles existem, efectivamente. Gostava que as pessoas sorrissem mais, que se elogiassem mais, que se declarassem mais e que promovessem mais encontros felizes. Gostava que os amigos não dissessem tantas vezes “temos que combinar tomar um café”. Gostava mesmo que os amigos tomassem café mais vezes juntos. Como eu gostava que o bem-estar fosse promovido mais vezes…
Creio que tudo isto não é utópico. Em vez de dizermos mal das coisas da vida e de reclamarmos do tempo, porque não tentar ver o lado positivo? Ele existe! É que o optimismo abre novas janelas que dão para a luz. E a luz só ilumina e traz alegrias…