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A Zona Euro: divergências e futuro

A zona euro enfrenta, actualmente, um grande desafio, especialmente com a explosão das crises nos países do sul da Europa, dos empréstimos e dos ritmos diferentes de crescimento entre os vários países que fazem parte deste grupo.

São várias as vozes, desde políticos até economistas, que defendem a saída da zona euro como uma solução para o problema da crise de um país. Porém, são também diversas as personalidades que defendem o euro como uma mais-valia, tanto para cada país em particular, como para a região em geral.

Quando criada, a União Europeia, ainda no ano de 1957, o seu objectivo era criar um mercado comum. Porém, este projecto precisava, para ser completo, de aumentar a cooperação económica e monetária para garantir o desenvolvimento do mercado interno da União. Segundo a Comissão Europeia, no seu site oficial, “as vantagens do euro são várias, fazendo-se sentir a diferentes níveis: nos cidadãos, nas empresas e na economia no seu conjunto.” Vantagens que previam preços mais estáveis para os consumidores e cidadãos, mais segurança e oportunidade para as empresas e mercados, mercados financeiras mais integrados, um símbolo concreto da identidade europeia, entre outras.

Tal como já foi referido, nem todos acreditam nestas vantagens e, apesar de pertencerem à União Europeia, preferem manter a sua moeda nacional. Inglaterra é o caso mais conhecido, mas também um caso conflituoso, já que são vários os programas ou pensamentos europeus que o país rejeita. O exemplo mais recente é a questão da imigração, não só de pessoas fora da UE, mas também de dentro da União. Tal como a Inglaterra, mais nove países da UE não adoptaram o euro. Então e a identidade europeia? São, ou não europeus?

No entanto, as reservas quanto à moeda única não são só nos países onde esta não é moeda adoptada. Na Alemanha, onde Angela Merkel defende a necessidade duma moeda única, pouco mais de metade da população (51%), quer acabar com o euro, segundo uma sondagem da Ipsos.

O fim da moeda única tem sido muitas vezes utilizado também como arma política dos partidos de oposição, como por exemplo o Partido Comunista Português, que lançou a ideia de um referendo nacional acerca desta questão. Outros nomes como Francisco Louça, ex-líder do Bloco de Esquerda, que, apesar de nunca ter defendido a saída da zona euro, disse, pela primeira vez este ano, que talvez esta seja a solução para a crise. O economista João Ferreira do Amaral defende também esta opção. Alguns dos argumentos apresentados são o controlo da moeda pelo Banco de Portugal, que provocaria uma diminuição de custos, aumentaria as exportações e reduziria o valor do desemprego.

No entanto, o Presidente da Repúblico, Cavaco Silva, defende esta moeda, dizendo mesmo que “quem diz que o euro vai acabar é irrealista”. Os partidos que chegaram a governar o país nunca puseram em causa a saída do euro, mesmo com a crise, a divida, ou os níveis do desemprego. Todos conhecemos a opinião de chanceler alemã ou do ex-presidente francês, Sarcozy. “O euro é um sucesso” disse numa entrevista o antigo presidente de França, enquanto que o primeiro-ministro britânico defendia veemente a não adopção do euro na Inglaterra.

Overtveldt, jornalista e político flamengo e crítico da forma como foi feita a união monetária (de forma mais política do que económica), afirmou que seria difícil submeter a uma mesma política monetária países com metas de crescimento diferentes, com mercados de trabalho e políticas diferentes. A moeda única, segundo o jornalista que escreveu o livro The End of the Euro, só daria certo se houvesse um governo, uma Constituição e um tesouro único.

No ramo empresarial e tendo como base uma pesquisa do Internacional Business Report (IBR), que avaliou a forma como a questão da moeda única é vista pelos empresários, perto de um quarto das empresas dos países da zona euro gostariam que alguns países abandonassem o euro. Entre estas empresas, destacam-se empresas da Finlândia, da Alemanha e da Holanda. Porém, 31% dos empresários da zona euro disseram que aprovavam a expansão do euro. Fazendo uma comparação entre os países, este número é mais elevado nos países com economias mais problemáticas, como a Grécia (62%), ou a Espanha (53%).

Quanto aos países que não aderiram, metade das empresas que foram estudadas da Polónia, ou da Dinamarca gostariam que o país aderisse à moeda única. Algo diferente do que é opinado pelos empresários do Reino Unido, ou da Suécia, que não partilham da mesma opinião.

O euro, ao longo dos seus 15 anos, nunca foi uma questão pacífica, mas conseguiu sobreviver e até ganhar mais importância a nível internacional. Só que ainda existe uma questão: Qual será o seu futuro?

No ano de 2012, a Friedrich-Ebert-Stiftung, uma organização alemã privada sem fins lucrativos, realizou várias conferências, debates e workshops acerca da questão do euro, realizados em várias cidades europeias. Os resultados destes eventos foram utilizados para a realização de uma publicação intitulada Cenário Zona do Euro 2020. Nesta publicação, foram traçados quatro cenários sobre o futuro da zona euro:

Política do vai levando: uma casa sem telhado

“Em 2020, a zona do euro – vale a pena dizer a UE – estará presa numa crise constante, que teve início em 2010. A maioria dos países do sul da Europa ainda precisará de pacotes de resgate e do Banco Central Europeu, na forma de compra de títulos públicos do tesouro, já que o custo dos empréstimos é demasiado alto.”

Desmembramento da zona euro: a casa desmorona e a vizinhança é afectada

Este cenário diz que, em 2020, a “União Económica e Monetária seria dividida em diferentes blocos e alguns países voltariam às moedas antigas”. A UE existirá, mas será uma aliança mais fraca. Surgirão os movimentos nacionalistas-populares e anti-união e a táctica de empobrecer o vizinho irá espalhar-se. Muitas empresas estratégicas serão compradas por empresas não europeias, empobrecendo, assim, a união.

“Em 2020, aumentarão as divergências entre os países europeus em termos de crescimento, taxas de investimento e emprego, apesar da utilização de fundos estruturais. Algumas regiões serão devastadas por uma recessão profunda, enfrentando altos níveis de desemprego e grandes fluxos de forte emigração, incluindo uma grande fuga de cérebros. Aumentará a hostilidade entre nações, com base em estereótipos e regiões –norte x sul, por exemplo, – levando à fragmentação da identidade da Europa.” Porém, não é preciso esperar por 2020 para que algumas destas previsões comecem a ser visíveis. O partido de Marine le Pen, em França, a EDP, em Portugal, comprada por chineses, os níveis de desemprego e a emigração portuguesa, são alguns exemplos actuais.

Europa Nuclear: construção de uma casa menos estável, mas selectivo

A União Europeia existirá, mas ficará reduzida a uma enorme zona de livre-comércio, enquanto a União Económica e Monetária seria completada por um grupo menor de Estados-Membros que estão fora dos acordos da EU e excluindo os não-membros da zona euro.

União fiscal concluída: o telhado é consertado e a construção é finalizada

“No ano 2020, a União Monetária já terá concluído a união fiscal, ainda que com cláusulas de salvaguarda para aqueles Estados particularmente atingidos pela crise. A zona do euro, sustentada por uma UEM mais consistente, coordenará a sua posição externa e haverá uma representação única da zona euro nas instituições de Bretton Woods. O Euro irá tornar-se numa moeda de referência, atraindo recursos financeiros de todo o mundo. No caminho para a união política, surgirá uma ‘Europa a duas velocidades’, onde a zona euro como vanguarda explora uma integração mais próxima.”

Não sabemos qual será este futuro. São apenas hipóteses, previsões. Porém, o conflito sobre este tema, tal como sobre qualquer outro, sempre existirá, principalmente quando são quase 30 países a decidir sobre algo. É raro que se chegue a um acordo. Todos, apesar da União, olham para o seu país e só depois para os outros.

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