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A Vida nos Sonhos, os Sonhos na Vida

O dia recebe-nos com um mágico sol dourado. Temperatura amena faz prever boa disposição. Ainda assim, após um lento e preguiçoso pestanejar, um sentimento de vazio faz-se perceber com a manhã. Ao abrir a janela, para lá das cortinas, percebemos o contraste daquilo que se sente com o dia magnífico que, mais uma vez, nos é oferecido.

Neste momento, surge a automática pergunta retórica: Porque me sinto assim? Sem demora, o nosso mestre cérebro faz ecoar uma resposta: Um sonho!

Um sonho! Um sonho? Um imperecível sonho?!

Esta é só uma das formas em que nos confrontamos com o poder de um sonho, na vida real. Estas quase Odisseias virtuais são muito mais do que um mero acontecimento ocasional. Assim sendo, o que são, realmente, os sonhos? Que magia é essa, com a magnitude de alterar estados de humor? Que condão esse, de tão soberano interesse, capaz de demover o mundo em seu redor?

Desde que existem ‘homens’ na história da Terra, que os sonhos são motivo de arrebatado interesse. Pelo bom, pelo menos bom e até mesmo as religiões tomaram interpretações alternativas ao propósito Universal de sonhar. Do Islamismo aos fundamentos Judaico-Cristãos, passando pelas lendas, histórias e estórias das nações, como a de St. Patrick, na Irlanda, e dos Vikings, os sonhos traduzem-se como matéria plausível de ensinamentos, premonições e sinais de alerta.

A compreensão dos mecanismos de um sonho absorvem atenções de tal ordem que não é possível contabilizar o número de estudos sobre este tema, nos quatro cantos do mundo.

Religiosidades à parte, os sonhos viram-se espelhados pela mão dos mais mediáticos pensadores e poetas. Todavia, foi Freud, em 1900, que agitou a opinião pública e científica. Habituados que estamos aos ciclos da humanidade, não será novidade dizer que foi alvo de escárnio na sua fundamentação. Apesar disso, 100 anos após a publicação da obra A Interpretação dos Sonhos, a comunidade científica colou-se às divagações do psicanalista, sublimando-os como derivações da psique humana. De místicos, rapidamente passaram a ser uma das mais luxuosas formas de abordar a condição humana, com vertentes práticas na vida. Aqui, os sonhos assumem um papel determinante dentro da vida real.

Os sonhos na Vida

Uma boa noite a sonhar poderá ser sinónimo e mote para uma vida mais saudável e de atitudes salutares. Vejamos, então, como se processa o mais simples sonho.

Após um dia de vigília, onde tantas actividades se levaram a cabo, conversas se travaram, olhares se cruzaram, emoções explodiram, dúvidas surgiram, dificuldades se confrontaram, o cérebro apresenta-se como um arquivo ao acaso, à espera de um funcionário que venha dar-lhe ordem. Eis que a hora do sono chega e com ele o adormecimento das funções biofísicas e sensoriais. O sono instala-se finalmente, dando lugar à etapa do sono denominada REM (Rapid Eyes Movement/Movimento Rápido dos Olhos).

Prepara-se tudo para que o funcionário apareça a qualquer momento, trazendo consigo a tarefa de organizar, triar e processar todas as informações aglomeradas do dia que passou. Neste momento, inversamente às funções físicas, as células cerebrais entram num turbilhão de actividades. Eis que os sonhos vestem a sua farda de trabalho, arregaçam mangas e iniciam a sua tarefa, como qualquer funcionário da Torre do Tombo, mas, neste caso, na psique humana.

Sonhar não é mais que uma enxurrada de assunto´s e experiências que vão sendo arquivadas na mente, mais propriamente no inconsciente. Têm, por isso, uma função de higienização da psique. Teorias há, que explicam os sonhos como uma salada variada e aleatória, onde tudo é permitido de modo a dar lugar às regras e condutas ordeiras dos estados de vigília. Sonhar tem, desta forma, um desempenho preponderante na nossa estabilidade emocional e conduta racional. Nos sonhos, tudo, mas tudo é permitido. Sem limites. Sem ordem. Sem regras. Passando pela criação de formas irreais e insólitas. Ouso dizer que é um momento de egoísmo crónico, reinando a anarquia das sensações e dos juízos.

A Vida nos Sonhos

Permito-me metaforizar a relação Vida vs Sonhos, sob o símbolo matemático de ‘infinito’ – ∞. Uma relação de total dependência, constante sinergia, em que a vida dá matéria aos sonhos e os sonhos orientam a vida. Esta relação de laços íntimos partilha entre si as noções concretas que compõem o quotidiano. Um problema, uma nova situação a confrontar, uma solução a esquematizar, uma necessidade consciente e até mesmo desejos são remetidos para processamento nos sonhos.

A vida fica, assim, mais equilibrada na sua condição de consciente. Além de procederem a esquematizações na busca de soluções, os sonhos têm todo o poder de oferecer à vida os prazeres que mais anseia, transpondo-se mesmo, sensações tão primárias, quanto físicas, como sonhando pela actividade sexual com a pessoa que se deseja, isto é, numa necessidade e desejo por satisfazer no plano da vida real.

A vida encarrega-se de fornecer a matéria-prima para as construções mentais inconscientes que possam emergir sob a forma de imagens insólitas e inéditas. Estas resultam da amálgama de informação contida no cérebro, encriptada pelas inúmeras combinações simbólicas. Quer se lembre ou não, sejam monocromáticos ou psicadélicos, efémeros ou longos, os sonhos acontecem de uma forma natural, orientando o seu enredo para a solução de um problema.

Nem todos os sonhos são bons, havendo sonhos com uma carga informativa mais densa e pesada. Estes últimos não são necessariamente maus na vida de quem os sonha. Identificam sim, que algo haverá a modificar, de modo a reverter situações num impasse. São entendidos como uma punição ao invés de recompensa.

Sendo a psique o maior mistério da condição humana efectiva, se remetermos o estudo dos sonhos na dicotomia dos sexos, mais complexa se torna. Sem muita surpresa, estudos revelam que o sexo masculino tende a ter mais sonhos de cariz erótico, enquanto o sexo feminino tende a sonhar mais situações de perda, conflito e de total confusão. Paralelamente, estudos realizados em 2007 concluem que sonhos com actividade sexual acontecem em 8% de ambos os sexos.

Determinadas correntes identificam os sonhos como adivinhações de um futuro, consoante objectos centrais, ou uma situação concreta. Daqui nasceu a Oniromancia, que procede à previsão do futuro pela interpretação dos sonhos.

E a higiene mental continua. O tráfego de informação sem sentido, para manter a ordem do cérebro, continua. Essencialmente, sonha-se para esquecer aquilo que está a mais. Sonhar, todos sonhamos e sempre sonhamos, podemos é não recordar-nos num estado de vigília.

Haverá melhor higiene para o bem-estar do que a satisfação? Pois, é isso mesmo. No caos de informações armazenadas, a psique tem a sedutora forma de dar prazer e felicidade, através da construção de uma história, onde esse interesse aconteça sob a forma de uma ‘Prova Superada’.

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