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A vida é um eterno desafio

Os tempos que se vivem são de incerteza e de muito receio. O pouco que se sabe sobre a nova doença faz com que o medo se espalhe e se entranhe até nos mais corajosos e destemidos. Houve-se falar de morte e as pessoas ficam paralisadas, em estado de choque, incrédulas. Custa a acreditar que estamos no século XXI. Tudo se assemelha aos remotos idos da Idade das Trevas em que nada se sabia e a morte era o cheiro pestilento que se encontrava em todo o lado.

Apesar de já se terem feitos alguns avanços científicos, onde as supostas vacinas estão incluídas, o certo é que, por momentos, volta tudo à estaca zero e o que se sabia deixa de ser válido e passa a desconhecido. Os especialistas, que saltaram agora para a ribalta, sabem tudo e coisa nenhuma e, além de espalharem o medo, essa palavra tão pesada, tiveram o condão de soltar outros horrores que estavam camuflados, como a denúncia e a delação.

Ninguém quer sofrer e muito menos andar encolhido com a vida. Os ombros sobem e não encontram o caminho para descer. Olha-se por cima do ombro e até as sombras assustam. Desconfia-se de tudo e de todos e as relações sociais passam a ser perigosas e impossíveis. É o salve-se quem puder que se instala e rega o ar, não poluído, mas corrompido de tanta desinformação e inconsciência. Aliás, as relações sociais são mesmo para serem exterminadas e assim, com cada um no seu canto, é mais fácil não pensar.

Já se situaram neste cenário dantesco? Estão bem sentados e confortáveis? O sofá continua no mesmo sítio? As séries e os filmes são do vosso agrado? Tenho uma mensagem importante para os que quiserem ouvir. Não é fictícia, mas sim bem real, daquelas que não se pode ” puxar para trás ” e voltar a ver. Pode ser agora? Estão preparados? Então aqui vai!

Tudo o que estão a sentir é o dia a dia de um doente oncológico. É o querer continuar a ter uma vida normal onde o certo e definitivo não entram. A vida é mesmo um desafio, mas, para certas pessoas, as que são visitadas com doenças sonantes e toantes, todos os dias são mais sem certezas, com sustos contínuos, com ameaças constantes de que tudo se vai desmoronar. Morrer é certo, mas adia-se essa decisão final por muito mais tempo e deseja-se qualidade.

Por mais lágrimas que se chorem, com dentes apertados e punhos cerrados, a vontade de viver é sempre superior às nuvens que se instalam todos os dias. É um querer superar todas as barreiras mesmo que as forças queiram fugir e se liberte uma enorme sensação de impotência. Sim, impotência por ver que uns dias são de notícias agradáveis e outros é o recomeço com tudo o que não se quer.

No entanto, estes doentes fazem por estar bem, por esquecer as preocupações e encarar tudo com naturalidade. O esforço para recuperar a saúde é titânico, mesmo sabendo que nunca mais serão as mesmas pessoas. Sorri-se, quando há um nó muito apertado na garganta e quando se ouve que chegou mais um percalço. É assim, sem anestesia, mas com vigor que os dias são vividos.

Qualquer sinal fora de normalidade ativa todos os receios que se haviam colocado no cofre bem fechado. Pensa-se logo que é o cancro, com a sua enxada, a cavar mais terreno e a fertilizar o seu campo preferido, a tristeza. Cada um tem as suas dores que se acumulam e fazem torcer o corpo, mas os outros lêem de modo errado. A tristeza potência a dor e o sofrimento e por isso deve ser jogada fora, não permitir que se entranhe.

O bom aspecto é a camuflagem perfeita. Então ouve-se um exército de entendidos em coisa nenhuma, mas que sabem tudo melhor do que ninguém. Relatam os mil milagres, as curas estrondosas que encantam os ignorantes, aqueles que não têm as dores e muito menos as doenças. Depois seguem-se os conselhos e as magias aliadas às mézinhas. Tanta cretinice e charlatanice que tem seguidores. Os resultados não são os melhores.

O bicho, de nome feio, deixa marcas profundas. Umas cicatrizes tão marcadas que creme algum pode tapar ou minorar. Segue-se como se a sabedoria do mundo fosse um mantra e as técnicas, as dos heróis da televisão, passariam uma vergonha se soubessem como é duro e assustador, saber que o prazo de validade pode terminar a qualquer momento. O código de barras está impresso só que não se consegue ler.

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