A vida é como o jazz. É melhor de improviso

Well, life has a funny way of sneaking up on you

When you think everything’s okay and everything’s going right

And life has a funny way of helping you out when

You think everything’s gone wrong and everything blows up

In your face”

– Alanis Morissette, in “Ironic”

A vida é irónica, não raras vezes sarcástica, mas nunca hipócrita. É autêntica até às entranhas. Prega-nos peças, passa-nos rasteiras, mas também nos estica o braço, mesmo que não nos apercebamos. Quando se fecha uma porta, abre-se sempre uma janela, mesmo que não a vejamos à prima vista.

Há dias em que “parece que o Mundo inteiro se uniu para me (nos) tramaaaar”. Outros dias são feitos de Primavera. Ganham cor, renovam-nos, enchem-nos as medidas.

Pode ser um pôr do sol, o rir alto e espontaneamente com um grupo de amigos do peito, o olhar de quem nos ama, um momento, algo que almejávamos que acontece, escaparmo-nos de uma situação complicada. A imprevisibilidade que temos sobre o nosso dia, quando abrimos os olhos todas as manhãs, é absolutamente fascinante. E assustador ao mesmo tempo.

As ironias da vida que não se podem subestimar.

A (falta de) timing que sentimos em alguns momentos, acontecimentos que superamos, pessoas que vão e não precisavam ir, ou que chegam e não precisavam vir. Nada nem ninguém passa pela nossa vida ao acaso. Tudo tem uma razão de ser. Não é ciência exacta nem factual. É empírico.

Queremos controlar tudo e não controlamos porra nenhuma. Quanto mais cedo na nossa vida nos apercebermos disso, melhor. Não que não sejamos donos do nosso destino. Aquela máxima do “o que tiver de ser, será” foi feita para os preguiçosos, os diletantes da vida. Só que depois há situações que fogem à nossa jurisdição, que parecem ter mão de algo superior.

Quantas vezes planeamos o nosso dia e depois ele não acontece como esperávamos? Quantas vezes construímos uma conversa na cabeça e, quando ela ocorre, metade fica por dizer? Ou dizemos o oposto do que queríamos? Ou ficamos calados…

Quando tudo parece correr bem e se aproxima uma tempestade perfeita de ocorrências, porque a tal da desgraça nunca vem só e escolhe sempre as piores alturas.

E depois a bonança!

Porque sem o mau não apreciaríamos o bom. Porque sem trabalho não valorizávamos as férias. Porque sem a tristeza, finalmente sorrir não era uma dádiva tão grande. E acreditem que, quando sorrimos para a vida, ela sorri-nos de volta. Não esperar o arco-iris mas dançar à chuva.

Ter ambição, fazer planos é muito bom, mas, no dia que fazemos a nossa felicidade depender deles, viramos escravos da vida. Sujeitamo-nos a algo que não controlamos à priori. Nem à posteriori, na verdade.

Viver como se ouve melhor o Jazz. Não no elevador (não resisti), mas nos bons clubes em jam sessions.

Sem ensaio, nem preparação prévia. Assim como tudo que arde em nós.

And all that jazz!!

A autora escreve segundo a antiga ortografia
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