Num mundo em que a informação circula como um relâmpago, em que temos notícias disponíveis “vinte e quatro sobre vinte e quatro horas”; alguns julgam saber tudo; outros sentem-se assoberbados; as crianças quase já não são crianças.
No entanto, será possível alguém saber tudo por muito bem informado que esteja?
Há sabedoria em não saber. Ninguém conseguirá obter todo o conhecimento disponível; nem que estivesse sempre a aprender até morrer.
Existem muitos tipos de sabedoria – da inteligência intelectual, à emocional e à física. Contudo, nem os considerados especialistas nas suas áreas sabem tudo o que há para saber sobre matemática, literatura, psicologia ou arte.
Quem professa ignorância é um verdadeiro mestre. Só um vaso vazio pode ser preenchido.
Há muitas coisas na vida que não sabemos e muitas que não nos interessa saber. Ao admitirmos a nossa ignorância, criamos a oportunidade de aprender e há poder nisso. Quando achamos que já conhecemos tudo, fechamo-nos a novos conhecimentos, novas ideias, novas perspetivas, novas soluções, novos caminhos, novas conexões e limitamo-nos.
Alguns dizem que já sabem, que aprenderam assim, que sempre fizeram assim e que não precisam de conhecer mais nada. Este tipo de mentalidade fica fechada e é ultrapassada. Tudo está em constante mutação e evolução. Pode um médico, por exemplo, que exerce a sua profissão há mais de meio século, dizer que já aprendeu tudo? Não tem de estar constantemente a estudar, a pesquisar? O conhecimento que existia na altura em que ele concluiu os seus estudos é totalmente diferente daquele que existe passados cinco, dez, vinte ou cinquenta anos. Se não aceitar essa verdade, poderá colocar em risco a saúde dos seus pacientes.
Uma pessoa que admite não saber tende a ser mais confiante intelectual e emocionalmente do que alguém que finge saber tudo. Também tem a tendência a sentir-se mais confortável com quem é e não sente necessidade de fazer blefe ou encobrir qualquer ignorância percebida. Na verdade, as pessoas podem acabar por parecer mais tolas quando agem como se soubessem algo que não sabem.
É sensato respeitar as pessoas que admitem abertamente quando não sabem alguma coisa. Afinal, elas estão a ser honestas connosco e consigo próprias. Não há que ter vergonha de dizer “não sei”. Ao fazermos isso, abrimo-nos para o desconhecido e poderemos descobrir o que está além dos nossos níveis atuais de compreensão.
Sejamos a pessoa sábia e humilde que responde às perguntas fazendo mais perguntas, tal e qual uma criança.
Afinal, «só sei que nada sei.»