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A Sociedade dos Coitadinhos

O Português é um tipo de europeu com alguma piada, mas padece de uma maleita com um nome inquietante: o Síndrome do Coitadinho. Quer isto dizer que nunca é culpado de coisa nenhuma, mas sim vítima das circunstâncias, mais concretamente da sociedade. Encarar a vida e aceitar que a responsabilidade não é do seu foro, mas sim dos outros. Nunca ele. Soa um pouco a complexo de Peter Pan disfarçado de gente crescida.

Crescer é uma dor grande, mas inevitável. Assegura a sobrevivência e a maturidade. Grande parte dos indivíduos não está apto a desenvolver a sua saúde psíquica e emocional e por isso refugiam-se no “não fui eu”. Essas pessoas são vampiros emocionais e alimentam-se da energia positiva alheia. Uma espécie de sangue roubado que lhes suga a mente e incomoda os outros.

Busca-se o equilíbrio, o chamado meio-termo, para se encontrar um caminho na vida. Sem exageros. Com conta, peso e medida. Todos são capazes e não precisam de ficar à espera que os outros lhes encontrem a solução para os seus problemas. E criticam todos, mas não se aventuram para ver o seu caminho sem a luz dos orientadores. São perigosos e traiçoeiros.

Sentir pena é algo de negativo. Penas têm as galinhas e os perus. As pessoas têm capacidade de raciocínio e devem usá-la sempre que necessário. Agradar a todos é impossível, mas devemos ser firmes nas nossas posições. Não é uma questão de arrogância, mas sim de determinação e transparência. Eu sou assim e nada fará mudar o meu carácter.

Todos buscamos o bem maior, a felicidade que poderá ter nomes diferentes, ou semelhantes, conforme as situações e a maneira de ser de cada um. O sofrimento faz parte da vida e deve ser usado em doses separadas e equilibradas para que o sabor fique sempre na boca de modo agradável. De nada serve usar como modelo alguém conhecido se não houver vontade de agir, de lutar contra o que nos incomoda.

Quem tem o diagnóstico de “coitadinho” é um sofredor compulsivo. É egoísta e julga que o mundo gira à sua volta. Não quer solucionar os problemas, mas sim ampliá-los e usa a sua fraca energia em pensamentos tão pouco úteis como a bateria num enterro. Tem que se focar no importante e largar o acessório, mas primeiro precisa saber o que é o quê.

Desses seres o que se quer é distanciamento. Quanto mais longe, melhor e pode ser o início do tratamento para a doença crónica. Não tendo quem aborrecer focam-se em si e, com sorte, talvez percebam que podem dar um passo em frente e ver como a vida é diferente do que dizem. O que possa ser um problema deixará de o ser se for encarado como tarefa resolvida.

Tendemos a encontrar o lado positivo de todas as desgraças que possam assolar cada um de nós. Teve um acidente e ficou tetraplégico. “Coitado. Ficou numa cadeira de rodas, mas não morreu. Teve sorte”. É esta mentalidade que não deixa o detentor da coitadice largar o vício da tragédia. Especialistas em coisas que não valem um caracol.

Para esses, o melhor será encontrar uma terapia que lhes alivie o lastro que tendem a carregar. Um livro simples, por exemplo, que permita levar a imaginação a patamares em que encontrem alívio e repouso. Nada de complicado. Somente para se situarem, para saberem conviver consigo próprios e melhorar a relação com os outros.

A inveja é uma não-qualidade. Para quê ser quem não se é? Que tal lutar para mudar tudo e chegar onde se pretende? Humildade é simpático e ajuda assim como agir depois de pensar nas consequências. Nada de raivas, mas sim a aceitação dos factos e a vida em si. Nada é perfeito, mas tem sempre lados positivos, cheio de sol e energia.

Uma pergunta deve ser colocada: será que estou a ser útil aos outros? Isto de só saber apresentar queixas e relatar as supostas “injustiças” não fomenta grande solidariedade, antes pelo contrário, afasta as pessoas. É tempo de parar e pensar na nova estratégia e saber estar presente quando necessário. Ser quem está quando faz falta e ser quem é de verdade.

A sanidade mental é o nosso maior bem e devemos cuidar dela como de um jardim. Regar a horas certas, quando não há calor para não queimar e proteger das agressões externas. Quando se faz sempre o mesmo não se pode esperar resultados diferentes. Cabe a cada um plantar as suas sementes e ver crescer os seus frutos. Pensem nisto e cheguem ás vossas conclusões.

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Comments 1
  1. Eu percebo o texto em forma de questão. Tudo depende de começar a dar valor aos portugueses que “ perante o desconhecido, a sua reacção não foi procurarem precipitadamente um abrigo, mas lançarem-se em frente, na busca de uma explicação “ e Portugal é constituido por esses seres além do ter presente.

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