Alexandre Magno. O seu império estendia-se desde a Grécia até à Índia e é largamente considerado como o melhor estratega de todos os tempos, nunca tendo sido derrotado em batalha. Ainda hoje, mais de 2300 anos após a sua morte, as suas tácticas são ensinas nas academias militares e é contra ele que se medem os grandes comandantes.
O muito que sabemos sobre as suas tácticas e vitórias em batalha é apenas comparado com o pouco que sabemos sobre a sua vida pessoal. E mesmo alguns desses detalhes são controversos. Até mesmo as suas vitórias não estão livres de controvérsia.
Apesar de ter sido sempre vitorioso no campo de batalha e das pesadas derrotas que infligiu aos seus inimigos, Alexandre era bondoso na vitória, entregando aos reis derrotados o governo em seu nome e casando soldados com as mulheres locais. O próprio Alexandre ter-se-á casado com três princesas persas, de modo a consolidar o seu poder. Porém, os persas continuavam a ver Alexandre como nada mais do que um invasor e um carniceiro, sendo a causa maior desta opinião a Batalha de Arbela (ou Gaugamela, consoante o livro que se consulte). Nela, Alexandre e os seus 47 mil soldados defrontavam-se contra um exército persa de número elevado (as estimativas modernas apontam para entre 37 a 100 mil soldados). As baixas infligidas aos persas foram tão grandes que esta batalha permitiu a Alexandre conquistar simultaneamente a Babilónia, a Pérsia e toda a Mesopotâmia que ainda não controlava. Ao mesmo tempo, feriu de morte o exército persa, permitindo-lhe quer um lugar na História, quer uma porta para a conquista da Índia.
Alexandre não é só conhecido pelas suas vitórias. A sua personalidade também nos chegou através dos tempos. Educado por Aristóteles, Alexandre demonstrava um profundo desinteresse nas disciplinas militares e no desporto, preferindo as artes e as ciências. Diz-se que dormia com a Ilíada debaixo da almofada. Foi por esta altura que conheceu os seus grandes amigos e futuros generais Ptolomeu, Cassandro e Heféstion, mas o seu mau feitio também era conhecido. Não são poucos os relatos de verdadeiras birras, nas vésperas de batalhas, quando os seus generais discordavam da sua estratégia. É também notório o caso da morte de Parménion, que, depois de ter insultado Alexandre em relação a uma das suas mulheres e a um dos seus amantes, foi trespassado por uma lança empunhada pelo próprio Alexandre. No entanto, o que o destruiu Alexandre foi a morte de Heféstion, seu general, melhor amigo e suposto amante. Com a sua morte, entra numa espiral descendente. A megalomania e as ilusões de grandeza tornam-se mais notórias.
Alexandre morre no palácio de Nabucodonosor II, na Babilónia, entre 10 e 11 de Junho de 323 A.C., vítima de uma doença ainda não explicada. Actualmente, acredita-se que tenha tombado devido à febre tifoide. Nem a sua morte foi livre de controvérsia, porque os seus generais não conseguiram chegar a um entendimento unanime sobre onde sepultar Alexandre. De tal modo, que o corpo acabou por ser raptado por Ptolomeu, enterrado em Mênfis, no Egipto, e mais tarde exumado e reenterrado em Alexandria. A sua localização é actualmente incognita.
Sobre Alexandre, o Grande pode-se dizer muita coisa. Cabe a cada um de nós perceber que tipo de homem, estadista e general era. Após isso, decidir se o devemos glorificar como o mais brilhante estratega de todos os tempos, ou se não passava de um carniceiro com sorte. No entanto, uma coisa é certa: o seu nome nunca será esquecido.