A paciência é inimiga dos adeptos da tecnologia

Antes de abordar várias situações que demonstrem a falta de paciência do ser humano na era digital, podemos mencionar, em forma de introdução, o ponto comum a todas as possíveis situações. Isto que é o facto de que o ser humano não suporta a falta de resposta rápida a todos os seus conflitos internos e externos.

Como diria o filosofo Jean-Jacques Rousseau, “Patience is bitter, but its fruit is sweet”, que nos leva à reflexão de que apesar da demora nos fazer sofrer, a espera faz-se compensar. A questão reside precisamente nesse ponto, tudo o que represente um obstáculo a algo que o ser humano quer alcançar, resulta muitas vezes em que ele desista do seu objetivo.

No caso das relações amorosas, ouvimos constantemente a frase “uma falta de resposta já é uma resposta”, mas não haverá realmente nenhuma exceção a isso?

Ter dúvidas por vezes só evidencia que a pessoa se coloca em primeiro lugar, ou que por vezes coloca na balança outras coisas que ela sabe serem muito importantes para ela. Uma pessoa que tenha um grande amor-próprio não é incapaz de amar verdadeiramente alguém. Apenas que ela coloca na balança um conjunto de vários fatores para o seu futuro. A falta de resposta imediata será realmente falta de amor? Ou essa conclusão poderá ser também da parte do outro uma falta de paciência para sofrer qualquer tipo de espera angustiante?

Uma das maiores dores sentimentais dos nativos digitais, é ver o símbolo de mensagem “vista” sem qualquer reação, ou resposta. Num ápice se perdem em devaneios e questões como “ele/ela deixou de gostar de mim?”

Por vezes a pessoa naquele momento só estava ocupada com algo que a impossibilitou de responder e deixou a mensagem para responder mais calmamente numa outra hora.

Isto alia-se também às profissões, ter de esperar pelo momento certo, é motivo para duvidar imediatamente das suas capacidades, de acreditar que poderá haver um futuro bom. Porque a espera é vista como uma falha, uma falha que quer dizer que determinado objetivo não é feito para nós.

Isto acontece, claro também devido ao avanço da tecnologia, podemos enviar e fazer contacto imediato, com pessoas e empresas. Toda e qualquer falta de resposta imediata, é imediatamente transportada para uma falta de valorização pessoal. Há inclusive muitas pessoas que não querem tentar arriscar em algo que realmente gostem, com medo de terem de sofrer a amargura de cada espera.

 Todo o ser humano deveria refletir de que tanto o sim como o não podem levar reticências, o não pode ser somente um “ainda não” e o sim pode-se converter num não. Este argumento deveria ser refletido constantemente, para assim termos mais paciência para cada espera.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico

Share this article
Shareable URL
Prev Post

Fuga à Meia-Noite

Next Post

O poder de escutar

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Read next

Perigo: Lixo em órbita

A sede do Homem em descortinar os segredos do Universo foi tanta que acabou por criar no espaço uma sucata. É o…

O Paradoxo da Inatividade

Há tempos cruzei-me com a simples, mas não por isso pouco importante, ideia de que o comportamento do ser humano…

Processo, logo existo

Na minha antiga profissão a amplitude etária dos meus colegas era alargada. Exerci funções nesse local durante 5…