Hoje trago-vos uma história real que aconteceu comigo.
Desde muito nova que uma das minhas viagens de sonho era ir a Nova Iorque, à grande maçã, à cidade que nunca dorme.
Inclusive escrevi um romance erótico “Aquela Viagem a Nova Iorque” (que se encontra à venda na Amazon) sem mesmo ter ido lá.
Pois bem, foi-me feito o convite para ir passar a passagem de ano de 2021 para 2022 a Nova Iorque.
Claro que comecei logo a fazer planos de onde iria ver os fogos de artifício.
Ora que maravilha, iria a Nova Iorque e para completar iria sentir o frio de lá no rosto e poder ainda ver as decorações de Natal nas casas que tanto se fala. Que são ruas inteiras cheias de casas decoradas. Será que é mesmo assim?
Deixem-se ficar desse lado para saberem.
Comecemos então!
Dia 26 de dezembro de 2021, começa a minha viagem de sonho (pensava eu). Apanho o comboio para a estação Gare do Oriente, onde me iria encontrar com a pessoa que iria comigo nesta viagem.
Vamos almoçar algo rápido no centro comercial Vasco da Gama e levamos as malas ao hotel onde, supostamente, iriamos pernoitar.
Dirigimo-nos ao aeroporto para fazer o teste de Covid-19. Estava descansada pois mais do que uma vez entrei em contacto com o laboratório lá estabelecido para saber se era necessário marcação, ao qual sempre me foi dada a resposta de que não era necessário.
Às 14h20 do dia 26 de dezembro chego à fila, às 6h25 da manhã do dia 27 eu saio da fila para me meterem uma zaragatoa no nariz para saber se estava infetada com o vírus.
Sim, o que acabou por dormir no hotel foram somente as malas.
Claro que durante estas horas todas a RTP esteve lá em direto para entrevistar as pessoas que os chamaram ao local, pois diziam ser uma vergonha o laboratório demorar tanto tempo a atender as pessoas.
A meu ver a culpa não foi do laboratório, mas isso é outro assunto.
Acontece que pelas 22h00 o segurança que estava na porta que dava acesso ao laboratório veio dizer que dentro de momentos iriam encerrar.
A calma das pessoas foi a baixo de zero e invadiram o laboratório.
Pois bem eu fui das poucas pessoas que se desviou e deu passagem aos desgraçadinhos que tanta urgência tinham em levar com a zaragatoa.
Veio a polícia, o representante veio informar quem estava na fila lá deveria continuar, pois o laboratório iria mesmo encerrar e só abriria pelas 6h15 da manhã do dia seguinte. Mas informou também que podíamos agradecer isso aos invasores, pois eles estavam a preparar material para atenderem quem ainda estava na fila.
Eu tinha umas 10 pessoas à minha frente. Foi a chamada morte na praia.
Ainda há pessoas boas no mundo. E eu gostaria de deixar aqui o meu agradecimento à senhora que foi muito amável e me guardou o lugar na fila para eu poder ir ao hotel buscar a mala e pagar o hotel.
Posso dizer que o chão do aeroporto é muito desconfortável e frio.
Dia 27 de dezembro, 6h15 da manhã, há sinais de alguém ir abrir a porta do laboratório. Óbvio que a desordem reside em algumas pessoas e logo tentaram passar à frente de quem passou mais de 16 horas numa fila.
Mas lá se fez o teste.
Ah! Já mencionei que eu tinha de ter o resultado do teste às 7h da manhã para poder fazer o check-in e embarcar às 10h15 da manhã? Ainda mais esse contratempo.
Mas conseguimos o resultado do teste em menos de 15 minutos. E lá veio o tão desejado resultado negativo.
Finalmente iriamos voar para Nova Iorque. Pensava eu que iria correr tudo bem a partir daqui.
16h00 da tarde em NY e saímos do metro, dando de caras com o One World. Como chamar um Uber ou um táxi em NY é muito caro (não é a minha opinião, pois seriam 17 dólares e pouco a dividir por 2 pessoas) alanquei por 15 minutos com a mala de 23 kg até ao hotel. Coisa pouca! Deu para aquecer as mãos e os pés (só que não).
Chego ao hotel e aí corre tudo bem.
Entro no quarto e a vista de facto é espantosa.
Dia 28 de dezembro pelas 7h30 começa a aventura que até dia 04 de janeiro de 2022 é sempre a decair.
Quando faço viagens (não que faça muitas) levo sempre já tudo preparado de cá. Os bilhetes das atrações, o itinerário, saber como funcionam os transportes, melhores locais para comer, e afins. Mas nesta até onde se iria passar a passagem de ano ia planeado.
Inicialmente eu tinha sugerido em se passar a passagem de ano em um dos cruzeiros que têm festas particulares e seria uma ótima ideia.
Ao que fui chamada de doida, pois ficaria caro e ir a Nova Iorque no final de ano e não ir ver a famosa bola descer na própria da Times Square, era o mesmo que ir a Roma e não ir ver o Papa.
Esperem para saber o resultado.
Mas o que não sabemos são os tempos de espera em cada fila e o tempo que os transportes demoram a chegar aos locais.
A primeira coisa a fazer, depois de ter tomado um banho bem quente, foi sair do hotel e procurar uma roulote para beber o famoso café americano e comer o donut como pequeno-almoço. Asneira, não bebem café em Nova Iorque. Não sabe a nada (isto para quem adora café).
A atração que era suposto visitar era a Estatua da Liberdade. Mas a fila era grande e acabei por ir ver o famoso búfalo de Wall Street, Charging Bull.
Mais uma fila para tirar uma fotografia com o bicho. Claro que não esperei e consegui a fotografia na mesma.
A seguir fui ver a maior e melhor homenagem que poderiam ter prestado às vitimas dos atentados do 11 de setembro de 2001.
É um local onde em aconselho a todas as pessoas que visitam NY. Tenho imensa pena de em alguns locais não poder ter fotografado e filmado. Pude ver a cara de todas as vitimas e de quem as matou.
Até aqui tudo bem. Mas eis que chega a hora de decidir o que almoçar. Eu como de tudo e até adoro provar toda a gastronomia local. Sim, sou dessas que até gafanhotos prova.
A decisão seria minha, mas tendo em conta que a pessoa que foi comigo não gosta de muita coisa, eu optei por lhe dizer para ser ela a escolher. Acho que não ofendi ninguém. As tretas começaram então.
Posso resumir que enquanto estive em Nova Iorque comi pizza(até eram bastante boas e em forno de lenha), fruta, gomas, azeitonas, pães de leite com queijo flamengo. Ah! E amendoins.
Foi noite de ir à Broadway ver a minha peça favorita “O Fantasma da Ópera”. Foi uma emoção enorme. Apesar de o meu lugar ter sido lá no alto (os bilhetes para lá são realmente caros e mesmo assim não ficou barato. 180 dólares, mas que valem bem a pena).
A única foto que se pode tirar. Depois do espetáculo começar os telemóveis são guardados. Não há permissão para fotografar e filmar.
Um momento único e que se querem viver essa experiência só têm até abril de 2023, depois o pano desce de vez e não volta a subir em Nova Iorque.
O único local que tem encanto à noite em Nova Iorque é a Times Square. Não acreditem na história da cidade que nunca dorme.
Dia 29 de dezembro e lá saímos do hotel pelas 8h da manhã e são horas de entrar em ação.
Primeira paragem foi mesmo no Empire State Building. Mais cerca de uma hora na fila para validar os bilhetes. Que cada atração tem a sua maneira de validação. Lá no Empire State é através de umas máquinas, que segundo a reação da segurança, que muito mal humorada, me ajudou devemos ter cursos pré visitas para saber como aquilo funciona.
Posso dizer que é uma visita muito interessante, a vista é fabulosa e tem tudo explicado ao pormenor.
Sim, estão lá as mãos do King Kong para podermos tirar fotografias.
É de frisar que eu tenho um medo terrível de alturas, mas a pessoa vai a tudo quanto é alto e com vistas panorâmicas em bases transparentes.
A próxima paragem foi a maravilhosa Grand Central Station
De facto é uma estação maravilhosa. E as casas de banho são um espanto. Parecem casas de banho de palácios e não estou a ser irónica.
11h e é hora de ir para a novidade nova iorquina, o Summit One Vanderbilt, tinha sido inaugurado em outubro de 2021. Era de facto uma novidade fresquinha.
Até o Homem-aranha o visitou!
Era chegada a hora de dar uma vista de olhos pelo Bryant Park e pela biblioteca de Nova Iorque, que no filme “O dia depois de amanhã” parece algo lindo. Pois foi mais uma decepção.
Quando estava perto das 15h45 teria de estar perto das escadas vermelhas para apanharmos o nosso guia para uma visita a Dyker Heights para vermos as casas decoradas com luzes de Natal.
As casas de facto têm uma decoração fantástica. Mas claro, como nesta viagem as coisas não correram lá muito bem, é chegada a hora de deixar de ter contacto visual com o guia. E os ataques de ansiedade a chegar.
Como se não bastasse a desilusão chegou quando caí na realidade de que não são todas as casas que estão decoradas. Numa urbanização de centenas de casas, somente umas 15 a 20 casas têm decoração. Ou seja, mais uma vez, nada do que se vê em publicidades, filmes e afins é real.
Chegado ao hotel foi hora de almoçar/jantar e descansar.
Dia 30 7h30, fazer café (que é horrivel), tomar banho, vestir e ir para mais uma dia na esperança de ser melhor do que o anterior.
Depois adiada a primeira tentativa de visitar a Estátua mais conhecida de Nova Iorque, lá vou eu para a fila, que hoje já não estava tão grande. Ah! Afinal estava. Só tinham era mudado a distribuição das pessoas.
Tanto que revirei os olhos.
Passamos pela segurança, que é exatamente igual à do aeroporto de Lisboa.
Saímos do barco e temos o logo uma vista maravilhosa à nossa direita.
A ilha é muito pequena, só tem mesmo a estatua e o museu. Museu esse onde podemos ficar a saber de toda a história sobre Nova Iorque e o porquê de existir este marco histórico neste local. Tudo começa com um emigrante.
Voltamos para terra firme e foi hora de visitar mais uns ícones.
A minha catedral preferida estava ali mesmo à minha frente.
É simplesmente de se ficar sem palavras, tanto por fora como por dentro.
Seguiu-se a Radio Music Hall (somente por fora)
E depois o Rockfeller Center. Que esqueçam aquilo que viram no Sozinho em Casa – Perdido em Nova Iorque. Então a árvore de Natal deixa tudo a desejar.
Ora bem, vamos lá ao Top Of The Rock.
Duas horas de espera e lá se subiu no elevador até mais um ponto alto, bem alto. A vista noturna sob Nova Iorque é realmente lindíssima.
Mas, não sabem que por aquelas bandas faz imenso frio e eu estava-me a sentir bastante cansada. Quando vi um banco sentei-me e disse que esperaria ali. Pois o que eu fui dizer. Deixem as pessoas idosas descansar. Se eu não queria ir à rua não me critiquem. A vista é igual.
Dia 31, deveria deixar este dia em branco, mas é o dia mais esperado numa viagem destas.
Então, festa no barco? Não, porque era muito chique e havia muitas pessoas para se conviver.
Ir para a Times Square? Não, porque a bexiga é hiperativa e como não se pode sair do lugar, depois teria de se fazer pelas pernas.
Ir para o Central Park? Não porque as ruas de Nova Iorque à noite são violentas e não há ninguém na rua (havia milhares de pessoas na rua)
Então a passagem de ano foi passada de pijama no quarto do Hotel Arlo Nomad, sem champanhe, somente dizer “3,2,1 Feliz Ano Novo” e dormir.
Ao menos a vista era gira
O dia 1 e o dia 2 e não vou mesmo descrever, porque foi a decadência total.
Mas o dia 3, o dia do regresso (finalmente) foi também um tanto caótico.
Ora mais uma vez é caro e perigoso ir de Uber do hotel para a estação. A minha condição física já estava péssima e lá levei a mala para o metr0 (onde o elevador é inexistente), para o comboio, para o comboio interno do aeroporto e finalmente para o check-in.
5 horas depois de estar no aeroporto, chegou a hora da porta de embarque abrir e regressar a casa.
Uma viagem com turbulência quase do início ao fim, em que eu consegui dormir quase todo o tempo, só acordando para comer.
Resultado desta viagem:
Nova Ioque não tem o glamour que dizem ter e que se vê nos filmes. Tem imensas montanhas de lixo pelas ruas. Cheira muito mal. As pessoas são antipáticas, nada acolhedoras. E o metro é dos piores onde já andei.
Ah! E claro, trouxe o vírus do Covid-19 comigo para Portugal.
O meu encanto por Nova Iorque não acabou. Eu sonho e espero lá voltar, sozinha ou acompanhada eu quero lá voltar.
Isto tudo para vos dizer que devem escolher sempre muito bem as companhias de viagem.
Se não tiverem companhia não deixem de viajar, podem-no fazer sozinhos, o que também é fantástico.