A liberdade criativa é a chave da felicidade?

A arte tem um poder inesgotável de fazer o ser humano sonhar ou extravasar as suas emoções, através de várias vias e por norma não coloca entraves à idade de cada um.

O problema, na verdade, reside no facto de que a arte, numa pequena percentagem, representa uma profissão com independência financeira, e numa grande percentagem, (se não a maior parte) pode somente ser vista como um hobbie.

Chegamos agora a uma questão muito importante do mundo que vivemos, esta que se resume ao facto das pessoas terem rotinas de trabalho cada vez mais exaustivas e não terem tempo disponível para se dedicar ao seu lado pessoal. A problemática está também muitas vezes em existir demasiadas pessoas que não têm qualquer sentimento positivo pelos seus trabalhos e estes criam níveis de depressão e frustração gigantes. Isto acontece, obviamente porque todos precisam do seu meio de subsistência e sobra pouco tempo, tanto para fazer coisas que lhes deem prazer, como estar com pessoas que lhes façam bem. Muitos empregos tornam constantemente e progressivamente o individuo numa máquina de repetição, extinguindo nele o espaço em que mora a liberdade criativa.

Acredito que este deva ser um ponto muito importante para o século XXI – manter a liberdade criativa em algum setor da nossa vida torna-se um aliado gigantesco a que não sucumbamos a uma vida rotineira e passageira. A criatividade pode nem sempre estar ligada ao conceito tradicional de arte, mas sim a tudo o que exige uma certa imaginação, mesmo que essa imaginação seja uma modificação de uma ideia já existente. Podemos aqui agarrar num aspeto que se assume na criatividade, a interpretação pessoal de algo, e é esta que se funde com a originalidade. Porque, na verdade, pouquíssimas coisas são realmente originais, há inspirações, há uma base já pensada para se chegar ao resultado ou uma alteração de algo. Por vezes as mudanças criativas tornam-se até melhores que o original.

Para este exercício, é mais fácil se pensarmos no campo musical, quando se faz um cover, por exemplo, há uma adaptação da arte que foi criada inicialmente. Tanto a música original, como a cover têm os seus méritos, porque a criatividade só pressupõe que ocorra o processo de pensar com a nossa imaginação.  Por que é que isso é uma coisa tão fundamental?

Tudo o que exija trabalhar a nossa imaginação ajuda-nos a sentir mais conectados com o mundo, porque entregamos uma visão pessoal nossa, ou algo que se veja uma parte da nossa personalidade ou das nossas emoções.

Para conclusão deste artigo, posso talvez afirmar que a criatividade é sempre à partida um processo que parte de nós e que é, de uma forma discreta, ou em grande escala entregue e apreciada pelos outros. Há pessoas que se sentem felizes em entregar o seu lado criativo, podendo até ser uma habilidade de contar histórias, de criar na cozinha, só às pessoas que lhes são importantes e queridas. Isto porque sentem que desta maneira serão lembradas de uma forma mais admirável. Este sentimento pode ser maior ou menor, mas a sua base é a mesma, o desejo que o seu processo seja entregue, podendo ser ele à família ou ao mundo. A criatividade é a arte de entregar o material e o imaterial a todo o ser humano.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico

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