Que não se pense que o filme “A Lenda do Tarzan” é apenas mais um baseado na história de Edgar Rice Burroughs. Este não é um filme para crianças pois, não é só sobre o tão afamado órfão que é acolhido por um gorila.
É muito mais que isso.
“A Lenda do Tarzan” distancia-se de todos os outros, porque é sobre um homem que tem uma dualidade a viver em si. Alexander Skarsgård interpreta ao mesmo tempo e de forma excelente dois homens a habitar num só.
Inicialmente é-nos apresentado como John Clayton III. Vive em Londres com a sua esposa Jane Porter (interpretada por Margot Elise Robbie) e demonstra querer deixar para trás o seu passado na selva. Embora não se integre totalmente na sociedade inglesa do século XIX, Lord Greystoke é respeitado pelo nome e fortuna de família recuperados. Contudo, John não consegue calar a selva que vive em si, nega ser filho de quem o criou até que volta ao Congo.
O seu regresso fora motivado por George Washington Williams (Samuel L. Jackson), que convenceu o respeitado lorde que os povos originários do Congo passaram a ser escravos de toda a colónia de sua alteza real, Leopoldo II, rei da Bélgica. Contudo, pouco tempo após a sua chegada, Clayton III percebe que é muito mais do que isso assim que a sua esposa foi raptada pelo voraz Capitão Rom ( Christoph Waltz).
E é aí que John Clayton III, Lord Greystoke, abraça o seu verdadeiro eu, primeiro com alguma resistência, mas depois, despe-se (literalmente) de preconceitos e volta a ser Tarzan.
Assim, ficamos a saber que Tarzan não é um homem normal. Pois, um homem normal dificilmente conseguiria o que ele se propôs: salvar a mulher da sua vida, de um homem que para ter o que queria (umas pedras muito valiosas), não hesitaria matar quem lhe passasse pelo caminho.
Tarzan seguia no encalce do Capitão, libertando os homens que se tinham tornado escravos à força pelo caminho e desconhecendo que seria uma moeda de troca para o Chefe Mbonga (Djimon Hounsou).
Ao longo dos 110 minutos, o espectador consegue acompanhar o presente e passado da personagem principal pois, as memórias do homem que foi criado por gorilas e da sua bela Jane aparecem na tela de cada vez que Tarzan é confrontado com dificuldades e os seus bloqueios emocionais.
Este é um filme com uma excelente produção, um argumento bem conseguido, em que todas as peças do puzzle se encaixam perfeitamente. A nível gráfico, existem pequenas falhas que podem incomodar o expectador mais atento mas são facilmente ultrapassáveis.
Deixo-vos, para vosso deleite, um dos muitos traillers: