Inevitavelmente somos obrigados a aceitar e a participar neste mundo de redes sociais que nos enlaça num manto acetinado de aparente conforto, que pouco a pouco nos aprisiona sem que percebamos muito bem como. Este pseudo mundo onde um post e os seus likes tem mais importância do que uma conversa frente a frente, é assustador porque reflete a realidade com a qual somos obrigados a conviver, nós, os nossos amigos e familiares.
Apesar disso, as melhores ideias e os momentos mais importantes nas nossas vidas ainda são aqueles que se vivem numa conversa cara a cara, num encontro de olhares que se entendem ou se gladiam numa animada troca de ideias e opiniões, mas sobretudo onde existe muito sentimento e humanidade. Afinal, apenas o reflexo da fragilidade de que somos feitos, enquanto seres humanos, nem mais nem menos.
A pergunta que se coloca é: Que conversas mudaram este mundo em que vivemos? Tão envolvidos estamos nas nossas rotinas que nos deixamos embrenhar pelos formadores de opinião, que com os seus argumentos nos embrenham nesta envolvência do chamado “faz de conta”, que de repente se transforma em realidade, pura e dura.
E assim, inevitavelmente estes opion makers influenciam a grande maioria do comum dos mortais, que na ausência de vontade própria em agir fora do que é convencional, e na busca da manutenção dos costumes e hábitos de convívio interpessoal, acabam por se deixar conduzir na onda tecnológica ou digital que nos avassalou nestes últimos anos, e nos fez esquecer o quão importante é o contacto e o calor humano, na nossa vivência diária.
Aquela fraqueza humana de querer sempre ir mais longe, fazer mais e, se possível, fazer melhor do que o outro. Enfim, a nossa debilidade humana, na sua melhor faceta competitiva tirou as nossas crianças das brincadeiras de rua que zelosamente se guardariam nas saudosas memórias de infância.
Agora restam às nossas crianças as brincadeiras com os smartphones e tablets topo de gama, últimos modelos a sair numa regularidade assustadora, que nos leva a pensar quando e como é que toda esta loucura terminará, e pior ainda, sem perceber bem onde nos conduzirá a nós e aos nossos filhos.
Se é bem verdade que este universo dos smartphones e da comunicação digital é muito necessário para o nosso desenvolvimento, também é bem verdade que perdemos a envolvência do convívio humano e deixamo-nos arrastar por quem domina o mundo, e ainda que indiretamente condiciona as nossas vidas e até mesmo a nossa forma de pensar, de ver o mundo e até mesmo de viver as nossas vidas.