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A falta de ideias

Sempre ouvi os “mais velhos” dizerem, com alguma sabedoria, que a Internet tem trazido muitas coisas más, coisas essas que muitas vezes se sobrepõem às boas. Entre elas está a falta de criatividade e de autonomia de quem mais a utiliza – os jovens.

Tenho a sorte de ter crescido numa época em que as máquinas de escrever ainda eram uma realidade – embora rara – e em que os computadores, além de escassos, se limitavam ao mísero Windows 98, que dava para fazer trabalhos básicos e pouco mais. Tenho, ainda, a sorte de ter vivido a minha infância sem um Ipad, um Ipod ou um Iphone e de fazer os meus trabalhos escolares do ensino básico num computador velho e lento, entregando-os aos professores numa disquete. Falo disto com orgulho, por ter a consciência de que isso me permitiu ser uma aluna autónoma, naquela que considero a fase de aprendizagem mais importante e fundamental das nossas vidas.

Hoje já tenho contacto com as novas tecnologias, tal como toda a gente da minha idade, e, embora tenha noção de que consigo usar a Internet a meu favor, nem todos o conseguem fazer, perdendo alguma autonomia. Os jovens que se deixam inebriar pelo pó mágico do online têm tendência para copiar ideias, pensar de acordo com o que veem no site x ou y, em vez de terem as suas próprias ideias. Este processo não é, obviamente, consciente – deriva do contacto constante que temos com as novas tecnologias e da falta de capacidade que alguns têm de ver até onde vão os limites desta gigantesca fonte de informação.

Podemos ver claros exemplos desta situação nas universidades espalhadas ao longo de todo o país, nas quais muitas vezes os alunos realizam teses de mestrado com base na cópia de coisas que encontraram na Internet, esquecendo-se de usar a tão famosa citação – o que gera enormes problemas para esses alunos que, quando são descobertos, podem ser acusados de plágio, tendo em conta que desrespeitam completamente os direitos de autor.

A meu ver, qualquer pessoa consegue evitar a cópia, incrementando a sua própria criatividade. Existem algumas técnicas que utilizo para não cometer plágio indeliberadamente. Quando realizo um qualquer trabalho académico, por exemplo, nunca resumo a informação que pesquiso num documento Word do computador, faço-o sempre num caderno – isto, porque, assim, não tenho aquela tão famosa tendência do copy & paste -, limitando-me apenas a resumir numa folha os aspetos fundamentais que retiro daquela página web, daquele site, ou daquele conjunto de informação. Além disso, é muito importante tentarmos utilizar palavras nossas sempre que queremos resumir a informação que encontrámos e, para isso, basta que, enquanto a lemos, tentemos substituir automaticamente as palavras por sinónimos mais simples. Assim, quando começarmos a estruturar o nosso texto com base nessa informação, não caímos no erro de parafrasear, ou de copiar na íntegra aquilo que encontrámos na Internet, porque a informação que ficou retida na nossa mente já está “traduzida” de uma forma muito mais simples e é assim que a vamos expor.

Como estudante e jovem que sou, entendo perfeitamente a dificuldade que existe em pesquisar informação online e conseguir criar algo novo a partir dessa informação, sem nos limitarmos a fazer uma reprodução da mesma. No entanto, também acredito que a capacidade de criar algo novo dependa muito da formação que tivemos enquanto crianças, do acesso que tivemos às novas tecnologias, durante a nossa infância, e dos pais e professores, que nos devem educar para uma utilização consciente da Internet, de modo a não perdermos a nossa autonomia e criatividade.

Tal como diria Steve Jobs, “a inovação é o que distingue um líder de um seguidor” e é nesse sentido que devemos tentar sempre pensar pela nossa própria cabeça, sem nos limitarmos a seguir aquilo que já foi pensado por outros – pois somente assim conseguiremos inovar e aumentar a nossa criatividade, somando pontos na nossa carreira profissional e/ou académica.

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