Os desafios que hoje as empresas enfrentam não são só desencadeados pela crise económica e financeira por que estamos a passar. Esta é uma afirmação assertiva. Então quais os desafios que com que se defrontam? Que caminhos trilham? Que dificuldades atravessam?
As respostas fogem pouco da tradicional maior concorrência e insatisfação do cliente, mas na opinião do Presidente Executivo da EDP aproximam-se mais dos desafios da internacionalização, inovação, liderança e integração. São estes os factores que levaram António Mexia a considerar que, sem cevar estes agentes, a crise dificilmente é ultrapassada.
O factor internacionalização confronta-se com a reduzida dimensão do espaço português e com a carência de crescimento além fronteiras, daí a necessidade de (re)descobrir novos mercados. A liderança afirma-se como outro “recurso particularmente escasso, nas empresas, na sociedade, mas também na área política” nas palavras do CEO da EDP.
A integração, por outro lado, está intimamente ligada ao impacto que as empresas criam no mercado de trabalho e perante os consumidores. Existe a necessidade, cada vez mais premente de causar o dito impacto e de as empresas se ancorarem à mudança que os tempos pedem. Há que aceitar que no país quase que se dita uma ausência de aceitação da diferença. “Em Portugal, lidamos mal com a diferenciação, há rapidamente uma pressão para se igualizar”.
Mas é indubitável aceitar que a crise económica e financeira tem um peso muito maior neste jogo onde se cruzam todos os outros desafios. A balança pende mais, e porque pesa mais, para o que tem varrido muitos países – este colosso social e económico.
O “Inquérito à Justiça Económica”, protocolo celebrado, em 2012, entre o Instituto Nacional de Estatística e a Fundação Francisco Manuel dos Santos demonstra, com clareza, que a complexidade das taxas e impostos, bem como a dificuldade no acesso ao crédito são agentes desafiadores para o tecido empresarial.
Este diagnóstico, feito à luz dos novos tempos, revela que 15% das empresas portuguesas têm acções judiciais contra si, sobretudo por cobranças de dívidas e/ou questões laborais. Na sequência destas situações surgem processos de insolvência que tem afectado muitas empresas por todo o território nacional, sendo o atraso judicial a principal justificação para estes acontecimentos.
Apura-se ainda, resultante destes casos da justiça, a dificuldade de as empresas descodificarem normas legais. Existe uma dificuldade na leitura de disposições legais e os casos mais gritantes são sobretudo em empresas de menor dimensão.
O tecido empresarial precisa de desfibrilhadores para reactivar o batimento cardíaco, sobretudo num mundo económico onde as surpresas são constantes e onde as reacções devem ser imediatas para impedir o pior cenário.