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A beleza sente-se

Quando me pediram para tratar o tema beleza a primeira coisa que fiz foi ir à procura de imagens que representassem beleza. Não sabia bem o que ia encontrar e apesar de ter estudado e exercer na área de artes, não estava segura do que procurar.

Fiquei deveras desiludida quando tudo o que encontrei foram fotos de mulheres e maquiagem. Será que nós, seres humanos, somos tão autocentrados e vidrados em nós próprios que não vamos beleza em mais nada para além da nossa própria raça?

E mesmo dentro deste conceito abstracto que se entende por beleza, se tudo se circunscrever ao humano por que razão existe tanta variedade de humanos e tão cheios de pormenores e encantos? Havendo várias belezas dentro do que chamamos Beleza, porque sentimos a beleza de formas diferentes? E quem vê beleza para além do Homem terá algum desprendimento à raça ou consegue ver mais do que o comum mortal?

Em termos mentais, a beleza é o que nos eleva padrões. O facto de sermos considerados um ser inteligente e intelectual o nosso padrão de beleza muda conforme a nossa própria evolução. Se a maquiagem nos fascinava e balizava aos standards da juventude, à medida que vamos crescendo vamos ajustando os nossos valores e por isso vendo beleza em coisas que não víamos anteriormente.

Este seccionamento em patamares de beleza pode estar directamente relacionado com o grau de escolaridade ou até mesmo dos padrões no crescimento como educação, religião ou classe económica.

Se eu nasci num seio familiar pobre, numa família de pescadores, não aprecio tanto a beleza da mulher do pescador, mas, sim, a beleza do barco que me leva para o mar que me alimenta. Se eu nasci no seio de uma família abastada, onde o acesso à moda e consumismo era facilitado se calhar não consigo ver a beleza que um oceano calmo traz ao pescador pois não é dai que provém o meu sustento.

Em termos psicológicos estará a beleza relacionada com os padrões mais ou menos saudáveis do nosso cérebro? Que canais interferem na minha avaliação do Belo quando a mente esta mais ou menos alinhado com os padrões que me rodeiam? Uma mente perturbada consegue ver beleza? E se sim, consegue ver beleza no considerado normal ou foge as regras sociais?

Porque é que há quem veja beleza em filmes de terror e em cenas explicitas de atentado a segurança física e, por outro lado há quem se apaixone pela beleza do chilrear dos pássaros e bater das ondas na areia?

As várias belezas atingem sentidos diferentes do ser humano. Geralmente falamos da beleza vista, da que os olhos captam, dai a imensidão de fotos exemplificativas do que é a Beleza com imagens de mulheres geralmente maquiadas.

E não é de agora. Se analisarmos a História da arte sempre assim foi. Podemos analisar como exemplo a evolução de Vénus. A evolução dessa beleza icónica é certamente do imaginário de todos nós: nos primórdios de formas avantajadas, mais tarde sem braços, mas sempre uma mulher considerada como deusa da beleza e do amor como associação directa a beleza nela residente.

Fisicamente podemos afirmar que a beleza para existir só poderá acontecer na forma de uma mulher? E sendo assim onde arrumamos as restantes belezas do mundo? Como personificar ou humanizar um conceito tao amplo e tao complexo como a beleza? Onde se encaixa a beleza de um som, de um cheiro, de um movimento ou de um livro lido? Essa beleza existe ou estarei eu com os padrões desviados?

E como capta o nosso corpo a beleza? O arrepio que sinto ao apreciar a beleza de um pôr-do-sol é o mesmo arrepio que sinto quando ouço o som de um contrabaixo a marcar um compasso? O revoltar das borboletas no estômago de quando vejo um ser divino que aos meus olhos represente a beleza humana será o mesmo que a falta de fôlego quando me elevo sobre uma paisagem deslumbrante?

Precisaremos nós de beleza para assegurar a nossa saúde física e mental?

E para vocês o que é a beleza?

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Antigo Acordo Ortográfico

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