La fille du régiment, um drama cómico, retrata a história de Marie, que após ter sido abandonada em criança, foi adoptada pelo 21.º regimento das hostes napoleónicas. Tonio apaixona-se pela jovem e tudo faz para que, aos olhos do “pai”, o Sargento Suplice, se mostre digno de casar com ela. Uma velha marquesa, em conversa com Sulpice, descobre que Marie é a sua sobrinha desaparecida. Acolhe-a e dá-lhe a educação que até à data Marie não tinha tido, de modo a casá-la com um duque. Marie é infeliz numa vida tão distante daquela que havia tido junto do exército. Tonio implora-lhe que abandone tudo e parta com ele. A marquesa, perante a situação, confessa que Marie é sua filha e permite que esta se case com o fiel Tonio.
Como seria de esperar a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos não desiludiram o seu público, fazendo da composição de Donizetti uma grande valsa francesa, cantada, leve e graciosa. Variando a lembrança de valsa com a marcha militar, de forma a contrastar as várias cenas apresentadas.
Quanto aos solistas, é notória a diferença de experiência entre o barítono Luís Rodrigues e os restantes. Foi sem dúvida quem esteve melhor, no entanto, a soprano Cristiana Oliveira e o tenor Alessandro Luciano surpreenderam pela positiva. Com as vozes ainda a crescer e em início de carreira, são ambos boas promessas para o canto lírico. Nesta “Marie” viu-se uma mulher de armas, em que Cristiana vestiu bem a pele de uma filha do regimento, mostrando o seu carisma e talento, conjugando a arte do belcanto com a dramatização teatral pedida pela obra. Na fisionomia de Alessandro Luciano, pudemos encontrar parecenças com o célebre tenor Luciano Pavarotti e também recordá-lo no início da sua carreira, pelo timbre vocal ainda a crescer.
A cargo da encenação estava Mário Redondo , que, apesar de ter conjugado o modernismo cubista com os figurinos da época (facto que chocou visualmente um pouco o público), conseguiu cativar toda a plateia pela simplicidade da rápida percepção do enredo que surgia cena após cena.
De notar que foi a estreia do maestro Rui Pinheiro à frente da OSP e como regente de uma ópera, desafio que superou brilhantemente e que encheu a sala de aplausos e “bravo”.