Como eu gostaria de ter certezas e poder escrever um texto magnífico com uma opinião válida sobre este ano de 2020. Foi estranho, diferente de tudo o que vivi em quase meio século. Nunca, em tempo algum, imaginei viver algo assim.
Contudo, o que me deixou mais perplexa foi a variedade de opiniões que nasceram com esta pandemia – tanta teoria, tanta opinião tão assertiva sobre algo que desconhecemos. Fico espantada com as certezas de tanta gente!
A minha certeza é uma única: muita gente vai sofrer com os efeitos desta pandemia. Direta ou indirectamente.
Por muito que leia, não consigo encontrar uma teoria coerente com o que estamos a viver. Leio, sim, muita teoria da conspiração e muita gente indignada com as medidas impostas pelos governos na tentativa de contenção deste vírus. Terão razão? Ou será que estas pessoas ainda não se aperceberam que a democracia e a liberdade que julgamos ter é apenas uma enorme ilusão?
Nunca me senti presa por não poder sair de casa, embora entenda que para a economia isso tenha efeitos nefastos, sobretudo para a economia das famílias, cujos membros ficaram sem emprego ou para aqueles que viram os seus negócios irem por água abaixo.
Mesmo avaliando os prós e os contras, não consigo entender que haja tanta gente ofendida com a tentativa de contenção desta pandemia. Estará a ser feita da melhor maneira? Talvez não. Haverá alguma iniciativa que agrade a gregos e a troianos? Jamais. É caso para sermos conscienciosos e tentarmos evitar qualquer comportamento de risco? Claro que sim, afinal estão a morrer pessoas com este vírus em todo mundo.
Será que a maneira como esta pandemia nos é apresentada não corresponde à realidade? Eventualmente, mas arriscarei a vida dos meus por ser desconfiada e achar que esta história está ainda muito mal contada? Seguramente que não…
A racionalidade é uma coisa estranha e quanto mais eu penso sobre o que se está a passar, mais longe sinto estar da verdade.
Se é verdade que se manipulam massas com “o medo”, também não é menos verdade que estamos cada vez mais intransigentes com tudo o que não é de acordo com a nossa perspectiva sobre qualquer assunto. E essa é a única liberdade que na realidade temos: ter uma opinião e poder expressá-la. Difícil é saber se essa opinião é ou não válida e coerente ou não com a realidade.
Que realidade? A que vemos ou aquela em que queremos acreditar? Sei lá eu qual é a realidade! Ainda hoje estou para saber se o Homem pisou a Lua ou nem por isso.
Seja em que situação for, o melhor é optarmos pelo bem maior – seja lá o que isso for! E o bem maior é sempre prevenir os males maiores de acontecerem!