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Life

Life traz um certo paralelismo com a primeira obra de Anton Corbjin, ambos abordam dois ícones da rebeldia social, enquanto que em Control a figura de destaque é o vocalista da banda Joy Divison, Ian Curtis, nesta obra é James Dean, muito antes de se tornar no rebelde sem causa de Nicholas Ray. Porém, não é pelas similaridades das suas personalidades apresentadas que a ligação entre as duas obras persiste, mas sim a fotografia como o vector de ambas as narrativas.

Corbjin, o fotógrafo holandês agora convertido num dos mais promissores cineastas do nosso tempo, espelhou o toque fotográfico e o apelo estético em Control (2007), onde recria a capa de uma das mais celebres fotografias de Ian Curtis para o resto da fita, revelando o seu afecto não só pelo estilo, mas pelas milhares de palavras detidas e invocadas pela imagem. Em Life, onde aborda a relação entre o fotógrafo freelancer, Dennis Stock, e do actor em ascensão, James Dean, a fotografia não é reproduzida como um enraizamento, aliás aqui o foco encontra-se do outro lado oposto da lente, não no fotografado, mas sim do fotógrafo.

Life demonstra os acontecimentos por detrás das fotos.
Life demonstra os acontecimentos por detrás das fotos.

Neste aspecto, Corbjin revela-se mais íntimo e confiante, mesmo que para tal e visto tratar-se de uma perspectiva fora de lente, Life é isente de qualquer toque estético na sua fotografia. Aliás, a sua capa de “enésima biografia cinematográfica” poderá soar como uma “faca de dois gumes“, se por um lado o cineasta pretende requisitar tal género para qualquer nesta a sua experiência enquanto fotógrafo e a suas relações com os modelos expostos, através da celebre história desta cumplicidade, por outro, limita-se a centrar um filme na sua narrativa e não na sua apelação estética e visual.

É, apesar do paralelismo, o afastamento há muito adivinhado de Control, a emancipação enquanto cineasta e a isenção da plasticidade que o seu cinema poderia se tornar, mesmo que isso sacrifique a sua prestada alma. Talvez sem esse factor, seja possível ser levado a sério nesta sua demanda crítica ao registo hollywoodesco, até mesmo o sistema de estúdio não está a salvo da caracterização oportunista aqui “pronta a disparar”, e igualmente ácida.

Contudo, Life, apesar das suas virtudes enquanto pedaço da carreira cada vez mais ascensível de Corbjin, é um filme com demasiadas correntes ao cinema que se propõe a criticar, ou simplesmente homenagear. A sua linear exposição quanto biografia, ou narrativa de factos históricos, o coloco numa posição um pouco constrangedora, enquanto cinema de criação, nada de novo, nem mesmo como biopic é nos aqui apresentado.

Uma relação sugestiva
Uma relação sugestiva

A juntar a isto, um Robert Pattinson não convincente enquanto Dennis Stock, nem mesmo como alusão própria do realizador/ fotógrafo, por outro lado Dane DeHaan mimetiza um Dean natural, mas demasiado fragmentado por uma narrativa convencional que centra numa relação com mais sugestões que certezas, mas nunca desafiadas nesta transposição para o grande ecrã. Ficou longe de ser um grande filme, Life é uma obra com alguma personalidade em teoria, mas que na prática é demasiado fragilizado. Eis a obra menor de Anton Corbjin.

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