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Uma Narrativa Chamada Battlestar Galactica (Parte 1)

A série de televisão Battlestar Galactica foi ressuscitada várias vezes, desde que foi criada por Glen Larson e exibida de Setembro de 1978 a Abril de 1979. Esta primeira versão desta obra de ficção científica lançou as fundações narrativas para todas as versões que se seguiram, ao construir uma série onde os espectadores podiam acompanhar as aventuras de um grupo de humanos que foge pelo espaço de um ataque realizado por uma raça constituída por seres robóticos (os Cylons) e que quase dizimou a humanidade. Os sobreviventes decidem alicerçar as suas esperanças de sobrevivência numa antiga colónia espacial, que muitos pensam ser um mito e que não existe. Este reduto da última esperança é um planeta chamado Terra e as semelhanças societais com a cultura de Galactica sugere a existência de uma ligação inexplorada entre estes dois grupos de humanos.

Apesar de ter sido cancelada ao fim de uma temporada, a série Galactica acabaria por ser reformulada numa nova chamada de Galactica 1980, pela mão do criador da versão original. Com a sua narrativa a ser desenvolvida muitos anos após o episódio final da série anterior, a sua história começa com a descoberta do planeta Terra e com os esforços de Galactica para impedir que os Cylons façam a mesma descoberta. Esta premissa só durou dez semanas de exibição, tendo sido exibida a combinação de episódios com uma narrativa única e episódios com várias partes, num total de seis arcos narrativos. Contudo, com a excepção de algumas linhas narrativas que despertaram o interesse dos espectadores que assistiam Galactica 1980, a maioria das opções criativas não foram do agrado de quem assistia ao programa televisivo e não conseguiu colmatar a necessidade dos seguidores desta série televisiva, que, cada vez mais, ansiavam por novas histórias com as suas personagens favoritas.

Em 2001, o canal norte-americano Sci Fi Channel começou a explorar a ideia de reavivar o conceito de Battlestar Galactica numa mini-série, contratando David Eick e Ron Moore para desenvolverem este projecto televisivo, que acabaria por ser fortemente inspirada na mitologia, nos personagens e nos enredos construídos na série original e, em alguns aspectos, nos conceitos criados na segunda versão de Galactica. Através do estudo do que havia sido construído anteriormente, os dois produtores reconfiguraram uma série que teve anteriormente dificuldades em se estabelecer no panorama televisivo num aclamado drama de ficção científica que, durante os anos em que esteve a ser exibida, foi presença constante na lista de melhores programas televisivos do ano e que, na sua primeira temporada, foi galardoada com o prestigiado Peabody Award. A versão de Battlestar Galactica reimaginada por David Eick e Ron Moore não pode ser reduzida à categoria de ficção científica, porque demonstra um claro conhecimento do significado de humanidade. A série confronta o espectador, analisando os seus sentimentos e os seus pensamentos relativamente à guerra, às insurreições sociais, à tortura, às violações sexuais, ao aborto, ao genocídio, à utilização da tecnologia, aos géneros sexuais, à identidade, ao sexo, à procriação, à compaixão e à esperança. Este enredo de ficção científica pode ser comparado com a literatura religiosa, especialmente por causa das questões difíceis que levanta sobre a condição humana. Questões como “quem somos”, “qual é o nosso lugar no universo” e “como é que encontramos o propósito da nossa vida” são universais e têm a capacidade de fazer com que qualquer ser humano se enfrente a si mesmo.

Battlestar Galactica terminou o seu ciclo de episódios em 2009, com um episódio final de duas horas, no qual todas as linhas narrativas foram concluídas e o destino de todos os personagens foi traçado. Denominado de “Daybreak”, o culminar de quatro temporadas de aventuras começa com a chegada dos últimos sobreviventes da guerra entre Humanos e Cylons a um novo planeta Terra, aquele em que o telespectador vive, mas 150 000 anos antes, e onde decidem ficar permanentemente. Decidindo viver em grupos de dois e misturando-se com as populações de Homo Erectus, onde começaram a desenvolver avanços sociais, como a linguagem, e abandonando por completo as suas ligações à tecnologia, ao enviarem a sua nave espacial em direcção ao Sol para ser destruída. Os minutos derradeiros deste último episódio desenvolvem-se na cidade de Nova Iorque de 2009, nos quais é possível observar um homem a ler um artigo na rua sobre a descoberta da “Eva Mitocrondial”, o ancestral mais antigo do ser humano e que é o elo de ligação genético de toda a raça humana. Através da narração de duas das personagens consideradas como sendo os representantes dos criadores do Homem e, consequentemente, dos Cylons, é possível aferir-se que esta Eva é uma das sobreviventes de Galactica e que era fruto da relação entre um ser humano e um Cylon. No entanto, ambos ficam entristecidos ao aperceberem-se de que a raça humana caminha para a repetição do conflito entre seres orgânicos e seres robóticos, se continuarem a percorrer um caminho pautado pela decadente veneração à ciência, especialmente à criação de criaturas que são tratadas como escravos. Enquanto os dois debatem este assunto, desaparecendo gradualmente na multidão, o plano passa para uma televisão na vitrina de uma loja, que noticia o lançamento de robôs humanóides pela empresa Sony. Desta forma, a terceira versão de Battlestar Galactica faz uma ligação perfeita com os créditos iniciais da versão original, em que se podia ler que “existem alguns que acreditam que a vida na Terra começou com algo vindo do espaço, com tribos de outros humanos, que podem ter sido os ancestrais dos Egípcios, ou dos Aztecas, ou dos Maias.”

Continua…

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