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Tempo de Transformação

A semana que passou foi marcada por uma fotografia que andou a circular pelas redes sociais e pelos jornais, tendo sido considerada como a “imagem mais triste do dia”. Nessa fotografia, uma criança, num campo de refugiados na Síria, segundo foi explicado pelo fotógrafo nos dias seguintes, levanta os braços num acto de rendição perante a objectiva da máquina. A fotografia é de Dezembro de 2014, mas podia ser mais antiga, ou também mais nova.

Poderia hoje, nesta crónica, discorrer sobre o flagelo das crianças pelo mundo que sofrem todos os dias com as guerras, com a fome e com os maus tratos duma sociedade que tem como foco o petróleo, os diamantes, o controlo de um espaço físico, a produção de bens de consumo, entre tantas outras coisas ligadas ao mundo material. Contudo, isto já está aos olhos de todos nós, todos os dias, já está cravado na história da humanidade, já está marcado em cada um de nós.

Poderia debruçar-me sobre o caso desta, ou de outras crianças, mas prefiro lembrar que estamos muito próximos da Páscoa e que, poderemos até não seguir qualquer tipo de religião, mas está intrínseco em nós a energia e a motivação deste período. Só é pena que não estejam os seus valores mais guardados dentro do nosso coração.

A Páscoa é um período de renovação, de limpeza e purificação. Ela representa uma passagem, uma transformação que pede que abandonemos algo para que um novo caminho possa ser feito. É assim na Páscoa judaica e na Páscoa Cristã.

Perante um mundo em plena transformação, é cada dia mais urgente que possamos fazer uma transição, olhando para as questões mais práticas do nosso dia-a-dia, da nossa sociedade, identificando os valores que não estão a ser vividos a cada dia, os valores de verdadeira humanidade, compreendendo tudo o que se está a passar à nossa volta. Crises financeiras que não se resolvem, impasses políticos e sociais, guerrilhas por pedaços de território que duram há centenas de anos. Pessoas a passarem fome, ao mesmo tempo que no mundo uma enorme parte da comida produzida é deitada fora, o desemprego que cresce, pessoas que vivem embrenhadas em profundas depressões, e tantas outras que todos os dias terminam as suas vidas por não conseguirem lidar com tudo o que estão a viver.

Sim, repito-me, perdemos, ao longo de muitas centenas de anos, o sentido da palavra humanidade, esquecemo-nos dos valores mais simples, pessoais e sociais, o amor, a entreajuda e a partilha. Somos números, somos zombies que correm as ruas com pressa de chegar a algum lado, sem sequer esboçar um sorriso para quem passa. Tratamos mal os nossos idosos e as nossas crianças, tratamos mal os outros, mas, acima de tudo, tratamo-nos mal a nós mesmos, todos os dias. Ainda esta semana saiu uma notícia que dizia que, em Portugal, compram-se 23 mil caixas de antidepressivos por dia e eu pergunto, afinal, que sociedade é esta em que vivemos? Colocar a culpa neste governo, no outro, na União Europeia, nos Estados Unidos da América, aqui ou ali, é muito fácil, mas, pergunto, o que é que cada um de nós fez e faz para mudar a sua própria vida?

É Páscoa, é tempo de reflexão e de transformação e esta é a mensagem que não poderia deixar de partilhar. Não são precisas grandes resoluções, nem grandes votos de mudança, apenas a tomada de consciência, apenas isso.

Boa Páscoa!

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